A
obrigatoriedade do exame toxicológico para obtenção ou
renovação de carteira de habilitação das categorias C, D e
E, resolução do
Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que entrou em vigor há um
ano, fez cair em 23,7% o número de acidentes envolvendo ônibus
e caminhões nas rodovias do país.
Segundo
levantamento realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) a
pedido do Metrópoles,
entre abril e dezembro de 2016 foram registrados 24.199 casos, contra
31.750 no mesmo período de 2015. A determinação foi uma das
principais medidas da chamada Lei do Caminhoneiro ou Lei do Motorista
— conjunto de alterações no Código Brasileiro de Trânsito (CTB)
que teve como objetivo reduzir os altos índices de acidentes e
melhorar as condições de trabalho dos motoristas do segmento.
O paulista
Paulo Lanzoni, caminhoneiro há 32 anos, defende a norma. “Eu sou
favorável que haja leis cada vez mais rígidas. E não só para os
caminhoneiros, mas para todos que rodam nas estradas”, opina. O
motorista admite ter feito uso de “rebite” (anfetamina), uma
droga sintética que atua no sistema nervoso central afastando o sono
e o cansaço, com o objetivo de estender a jornada de trabalho. Ele
conta que chegou a ficar quatro dias seguidos sem dormir.
Por conta
do uso da substância, Paulo revela que acabou causando um acidente
enquanto dirigia. “Dormi de olhos abertos e bati na traseira de
outro caminhão”, lembra. Apesar de não ter sido grave, o episódio
serviu de alerta, já que ele enfrentava uma jornada exaustiva e
arriscada, pois era encarregado de transportar legumes e verduras da
Ceasa de São Paulo (SP) para Belém (PA), cerca de 3 mil
quilômetros, percurso que fazia em apenas 48 h. Parar para cochilar
e descansar não era uma opção.
Além
das anfetaminas, muitas vezes potencializadas com o consumo de
álcool, o uso de crack e cocaína por parte dos motoristas tem
se tornando cada vez mais comum, o que aumenta o perigo nas rodovias.
O clínico
geral Hermann Alexandre Tiesenhausen, 1º secretário do Conselho
Federal de Medicina, explica que esses entorpecentes diminuem a
capacidade de reação do organismo a imprevistos — um grande risco
para quem dirige. “Primeiro, entra a fase inicial, que é a do
estímulo, da euforia, mas depois ela inibe a percepção dos
sentidos e, com isso, decorre uma menor reação à adversidade”.
Uma
pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT) traçou o
perfil dos caminhoneiros e mostrou que esses profissionais trabalham,
em média, 11,3 horas por dia e têm renda líquida mensal média de
R$ 3.892,84. Além disso, 44% têm dívidas a vencer, o que os
estimula a estender jornadas. Quanto ao consumo de drogas,
apenas 12% assumem já ter experimentado. No entanto, mais de 77%
afirmam não fazer exames toxicológicos.
Onde é
feito o exame?
O
teste exigido pelo CTB busca identificar se o motorista usou drogas
nos últimos três meses, como cocaína (crack e merla), maconha e
derivados, morfina, heroína, ecstasy, ópio e codeína, além de
anfetamina e metanfetamina (rebite). “É uma janela de alta
detecção. Portanto, a amostra colhida deve ser necessariamente de
queratina, ou seja, de cabelos ou pelos com, no mínimo, três
centímetros”, explica Dra. Tatiana Veloso, diretora médica
do Laboratório
Exame,
uma das empresas que faz a coleta, já que o responsável pela
análise clínica em todo território nacional é o Laboratório
Labet. Também é possível realizar o teste a partir da análise
da unha do motorista.
Segundo
a diretora, o Exame fez uma parceria com a Labet e
realiza a coleta em várias unidades, para facilitar a vida dos
pacientes. Ela esclarece que o procedimento é muito simples. “O
interessado deve entrar no site ou
ligar no televendas, gerar um boleto e um voucher. Com o documento,
pode ir a qualquer Laboratório Exame credenciado para fazer a
coleta, que é rápida e indolor”, diz.
Para
mais informações sobre a realização do toxicológico no DF e
identificar as unidades cadastradas para a coleta, clique aqui.
Fonte: Metrópoles
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