São
três mil trabalhadores a mais contratados em julho, na comparação
com o mês anterior, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira
(27) pela Secretaria de Trabalho e pela Codeplan.
“Sabe
aquele prédio ali? Ajudei a construir. Tá vendo aquele outro na
esquina? Também trabalhei na construção dele”, aponta Rodrigo
Batista Meira, 44 anos, ao andar por uma rua em Águas Claras. Mas
nem a experiência adquirida em mais de sete anos de profissão
impediu o morador do Gama de fazer parte, por anos, de uma triste
estatística: o de trabalhadores sem carteira assinada.
Desde
março de 2012 ele não tinha um emprego fixo, com benefícios aos
quais trabalhadores formais têm direito. “Em janeiro e fevereiro
deste ano era registrado, mas foi um trabalho temporário”, conta.
No
começo do mês, no entanto, o mestre de obras foi contratado por uma
grande construtora de São Paulo que faz as obras da unidade de Águas
Claras do Hospital Brasília. “Sou muito grato. Ganho um ótimo
salário e tenho muitos benefícios, como um excelente plano de
saúde”, comemora. “Eles têm obras no país inteiro e, quando a
gente é contratado, assina um termo se colocando à disposição
para viagens. Para onde me mandarem eu vou.”
Assim
como Rodrigo, a quantidade de trabalhadores do setor privado aumentou
em três mil pessoas em julho, em comparação com o mês anterior,
segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF) divulgada nesta
terça-feira (26) pela Secretaria de Trabalho e pela Companhia de
Planejamento do DF (Codeplan). No total, 702 mil pessoas trabalham no
setor privado do Distrito Federal, 594 mil delas (84%) com carteira
assinada.
Rodrigo
foi encaminhado ao novo emprego por uma agência
do trabalhador,
serviço mantido pela Secretaria do Trabalho do DF que ajuda na
inserção de pessoas no mercado. Ele trabalhava como mestre de
obras, mas a vaga chegava ao fim em 31 de julho. Dias antes ele
procurou a Agência do Trabalhador do Plano Piloto, que funciona no
Setor Comercial Sul, fez a entrevista no dia seguinte e acabou
contratado.
“Fui
só cadastrar meu currículo, mas dei a maior sorte. Cheguei lá e vi
essa vaga no quadro. No mesmo dia mandei meu currículo. Fiz a
entrevista no outro dia e em 1º de agosto estava começando aqui”,
relata Rodrigo, que havia precisado abrir mão de algumas despesas
desde 2012, entre elas a mensalidade da escola do filho de 15 anos
(R$ 900). “Sou separado, mas tenho a guarda dele, que é o caçula.
Hoje ele estuda em uma escola pública no Gama que é excelente”,
acrescenta.
Tendência
A
PED-DF mostrou que a taxa de desemprego no DF caiu de 19,5% para 18%
entre os meses de junho e julho de 2019. É a menor taxa de
desempregados desde outubro de 2018. Entre julho do ano passado e
julho deste ano, a taxa de desemprego total também teve queda: de
18,7% para 18%.
Em
números absolutos, o DF voltou aos patamares de janeiro de 2019 –
a menor quantidade de pessoas desempregadas em todo o ano. “Isso
aconteceu antes do que a gente esperava. Nossas previsões mostravam
que chegaríamos a esse número em dezembro”, afirma o presidente
da Codeplan, Jean Lima, acrescentando que até o final do ano ainda
há uma leve tendência de queda do desemprego.
Atualmente,
o DF tem 308 mil desempregados, 28 mil pessoas a menos que em julho,
quando havia 336 mil pessoas desempregadas na capital da República.
Esse resultado decorreu da pequena elevação da ocupação (criação
de seis mil postos de trabalho) e da redução da população
economicamente ativa (PEA): 22 mil pessoas que saíram do mercado de
trabalho.
Aquecimento
O
contingente de ocupados foi estimado em quase 1,4 milhão de pessoas,
resultado decorrente de contratações nos setores de comércio (mais
quatro mil ocupados) e de serviços (mais sete mil pessoas
trabalhando). O contingente inclui a administração pública, que
recebeu mais dois mil empregados.
“Há
uma tendência de queda do desemprego em todo o país e o DF segue
essa inclinação, como mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) Contínua divulgada pelo IBGE no final de julho”,
acrescenta o presidente da Codeplan.
Ainda
segundo Jean Lima, uma boa notícia é o aumento da massa de
rendimentos dos ocupados, que vem subindo desde março deste ano. Em
junho – a PED pesquisa dados referentes ao mês anterior –
cresceu a remuneração tanto dos assalariados quanto dos autônomos,
que passou a equivaler a R$ 3.896 e R$ 2.113, respectivamente.
A
taxa de desemprego diminuiu de 16,5% para 15,8% nas cidades que
compõem o grupo de regiões administrativas de média-alta renda
(Águas Claras, Candangolândia, Cruzeiro, Gama, Guará, Núcleo
Bandeirante, Sobradinho I e II, Taguatinga e Vicente Pires) e caiu
três pontos percentuais (de 23,8% para 20,8%) nas regiões de
média-baixa renda (Brazlândia, Ceilândia, Planaltina, Riacho Fundo
I e II, SIA, Samambaia, Santa Maria e São Sebastião).
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