Com
canudos, fitas adesivas e microcontroladores nas mãos, 30 estudantes
de escolas pública vão ao Planetário de Brasília construir seus
próprios robôs.
A
Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres representam
apenas 35% de estudantes matriculadas na Ciência, Tecnologia,
Engenharia e Matemática (sigla STEM, em inglês) nas universidades
ao redor do mundo. Dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPQ) revelam ainda que, no Brasil, a
desigualdade de gênero cresce nos níveis mais elevados das
carreiras científicas.
Nesta
semana, 30 alunas de escolas públicas do Distrito Federal
participaram de uma oficina de robótica e aprenderam que esse espaço
da ciência também pode ser ocupado por elas. A atividade “Workshop
Tekla” aconteceu no Planetário de Brasília, dia 17, por
iniciativa da embaixada da Suécia e do Instituto Sueco, com apoio da
Secretaria de Relações Internacionais do GDF e do projeto
Meninas.Comp, no âmbito das Semanas de Inovação Suécia-Brasil.
Com
canudos, fitas adesivas, microcontroladores e aparelhos eletrônicos
nas mãos, as estudantes tiveram a experiência de construir seus
robôs. A liberdade criativa contou para que tivessem familiaridade
com a proposta. “Essa foi a primeira vez que participei de uma
oficina e surgiram ideias extraordinárias com o trabalho em grupo”,
conta Maria Eduarda, 15.
Além
da parte técnica, a oficina propiciou encontros com jovens
cientistas que fazem a diferença na sociedade, como Juliana
Estradioto, 19, ganhadora do Prêmio Jovem Cientista 2018. “Eu
comecei a fazer ciência aos 15 anos, porque queria ajudar minha
realidade local e resolver um problema dos agricultores familiares”,
conta ela.
“Eu
pegava o lixo do processamento de frutas e os transformava em
materiais biodegradáveis com a ajuda da minha orientadora”,
relata. “Não só a oportunidade de ajudar a sociedade por meio da
ciência é o que me motiva; é estar também em iniciativas que
mostram para outras meninas que elas podem fazer o que quiserem”.
Juliana
é fundadora do Meninas Cientistas, iniciativa que divulga histórias
de garotas na ciência e é a primeira brasileira a conquistar o
primeiro lugar na categoria de Ciências dos Materiais da Intel ISEF,
maior feira de ciências pré-universitária do mundo. Em seu último
projeto, criou um material biodegradável alternativo ao plástico e
que agora está sendo investigado para uso medicinal.
Meninas.comp
O
projeto Meninas na Computação (Meninas.comp) é outra iniciativa
que chamou atenção, por ter viabilizado a participação das alunas
no evento. Nele, professoras do Departamento de Ciência da
Computação da Universidade de Brasília (UnB) fazem a ponte entre
as escolas parceiras e os projetos voltados para a inclusão de
meninas de escolas públicas do Distrito Federal em cursos de público
majoritariamente masculino.
“A
falta de mulheres cientistas tem impactos em pesquisas na economia e
em outros setores. Então, precisamos estimular e promover esse tema
que é tão importante para nós”, diz Glaucimara Silva, oficial da
cultura da Embaixada da Suécia.
Renata
Zuquim, secretária-adjunta de Relações Internacionais do GDF,
acredita que iniciativas como essa são a materialização da
cooperação internacional com a Suécia. “As Semanas de Inovação
Suécia-Brasil criam oportunidades de conhecimento sobre ciência,
tecnologia e inovação para pessoas afastadas ou com acesso limitado
a essas áreas”, lembra. “Quando falamos da questão da
sub-representação, é ainda mais importante trazer especialistas
brasileiras e suecas para falar de seu trabalho e contar histórias
de sucesso”, explica.
Diálogo
Tekla
No
dia seguinte, 18, ocorreu o Diálogo Tekla, que discutiu, em dois
painéis, maneiras de capacitar meninas e mulheres, e sobre como
ampliar e fortalecer seus papéis e oportunidades. Algumas das
perguntas do dia foram: Quem molda o futuro? Quais e de quem são as
responsabilidades no fechamento da lacuna de gênero? Como
universidades e empresas de tecnologia podem atrair mais mulheres? E
como inspiramos mais jovens a explorar a tecnologia?
Entre
as especialistas participantes, Heidi Harman, fundadora da mais
antiga rede de tecnologia feminina na Suécia, o GeekGirl Meetup, uma
rede para mulheres em STEM, código, design e startups, que agora
possui braços em 17 países.
“É
muito importante que toda nação tenha uma ampla captação de
ideias não só vindas de homens e mulheres, mas de todas as pessoas
do país”, ela diz. “Assim você terá a verdadeira inovação e
uma economia melhor”.
Também
participaram do evento a secretária da Mulher do GDF, Ericka
Filippelli; a embaixadora da Suécia, Johanna Skoog; o vice-ministro
da Inovação da Suécia, Emil Högberg; e a chefe do Instituto de
Ciências Exatas da UnB, Maria Emilia Machado Telles Walter.
* Com
informações da Secretaria de Relações Internacionais
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