Material que chega à Unidade
de Recolhimento de Entulhos do SLU é britado, peneirado e doado aos
órgãos de administração direta e indireta do DF
Os entulhos de construção
civil no Distrito Federal, agora, são reciclados. Os materiais
desprezados e levados à Unidade de Recolhimento de Entulhos (URE),
na Estrutural, são britados, peneirados e doados aos órgãos da
administração direta e indireta para uso em obras. Neste mês, uma
instrução normativa formalizou a ação, que vinha em fase de
testes desde março de 2019.
A Instrução Normativa nº 1,
de 7 de janeiro deste ano, regulamentou a doação dos chamados
agregados de resíduos sólidos da construção civil obtidos a
partir da trituração dos materiais entregues à unidade que ocupa o
espaço do antigo Lixão da Estrutural. “A publicação
permite que a gente tenha maior controle, dá atribuições com
relação a quem tem o direito de receber e define as burocracias”,
explica o assessor técnico do Serviço de Limpeza Urbana (SLU)
Felipe Leite.
A Administração Regional do
Sol Nascente/Pôr do Sol foi a primeira a solicitar o material após
a publicação. Na semana passada, foram liberados 40 caminhões
cheios de insumos usados para cobrir erosões e nivelar pistas,
conforme prioridades diárias. “São paliativos enquanto não
chegam as obras definitivas”, observa o gestor da cidade, José
Goudim Carneiro.
Nas contas do administrador, a
carga de um caminhão de brita com 12 toneladas custa em torno de R$
1 mil. “Esse conteúdo, que seria descartado, é de grande
qualidade e importante para nós. O material doado é um facilitador,
um meio de economizar. Sem isso, teríamos que buscar por outros
meios para cuidar da cidade”, revela.
Como funciona
Todo material que chega à URE
pelas empresas contratadas pelo SLU ou entes privados é avaliado
para checar se está apto para seguir à unidade de britagem. São
considerados adequados pedaços de concreto, argamassa, blocos de
cerâmica, enquanto madeiras e ferros são aterrados.
Separados, os insumos passam por
um britador, que reduz suas granulometrias para cinco tipos
diferentes: rachão, brita 2, brita 1, pedrisco e pó/areia. Em uma
grande peneira com diferentes esteiras, tudo é separado.
Armazenados, os materiais ficam disponíveis para doação conforme
necessidade dos órgãos.
A produção média mensal é de
9,7 mil toneladas mensais. A operação em teste começou em março
de 2019 com três mil toneladas e, em dezembro, alcançou mais de 15
mil toneladas processadas. Naquele mês, uma nova peneira foi
adquirida para o local, produzindo um material mais nobre e
segregado. A previsão, porém, é de mais aperfeiçoamento, com
recursos da operadora.
Gerente da Valor Ambiental,
empresa que opera a URE, Eduardo Madalena explica que, se não fosse
a distribuição, o material ficaria sem uso, estocado – “um
desperdício pela grande porcentagem de qualidade obtida”, define.
Reaproveitado, pode servir de base para drenos, asfaltos, bloquetes e
estradas rurais.
Fase de testes
Durante a fase de testes, o
material foi solicitado e utilizado pelas regiões administrativas da
Estrutural, do Gama e, especialmente, de Vicente Pires. A cidade, que
recebe obras inéditas de infraestrutura, é foi o grande canteiro de
obras dos últimos meses na capital.
Em cinco meses, foram retiradas
duas mil toneladas do concreto britado. Conforme o órgão, foram
utilizados cerca de 85 caminhões para a melhoria de trafegabilidade
nas ruas 3, 4A, 4B, 5, 8 e 10. O material foi espalhado, nivelado e
batido.
A Secretaria de Obras e
Infraestrutura coordena o Comitê Gestor de Resíduos da Construção
Civil (Corc), criado pela Lei nº 4.704/2011, e é responsável por
organizar a política do setor no DF e estabelecer os parâmetros
técnicos que norteiem a utilização de agregados reciclados.
Segundo a pasta, o objetivo é
que o material agregado produzido ali seja utilizado pelos órgãos
que realizam obras diretas, como o Departamento de Estradas de
Rodagem (DER-DF) e a Companhia Urbanizadora da Nova Capital
(Novacap), além das administrações regionais.
Entre março e abril de 2019, o
DER-DF usou o material para a melhoria das condições de cerca de
300 metros de pista na região do Capão Comprido, em São Sebastião,
e deve voltar a recebê-lo agora. A Novacap, por sua vez, diz que há
previsão para utilização de concretos britados, mas a
possibilidade passa por avaliação técnica para apontar as obras
indicadas.
Rastreamento
O descarte de entulho da
construção civil no DF é totalmente rastreado por meio do sistema
de gestão dos Resíduos da Construção Civil (RCC). Para poder
descarregar na URE, os transportadores precisam se cadastrar e emitir
o Controle de Transporte de Resíduos (CTR) para cada demanda que
atenderem. Com isso, o SLU acompanha a movimentação do entulho
coletado desde a origem até a disposição final na URE.
Fonte: Agência Brasília
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