A recente declaração do vice-presidente Geraldo Alckmin, classificando a educação domiciliar (homeschooling) como uma “proposta racista”, gerou forte reação entre educadores e defensores do ensino em casa. Durante a reativação do Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável, no dia 5, Alckmin afirmou que o homeschooling teria surgido na América do Norte como reação à decisão da Suprema Corte que obrigou a integração racial nas escolas, celebrando ainda o ingresso de crianças em creches como avanço social.
No entanto, segundo Gaba Costa, diretora-executiva do Classical Conversations Brasil, essa narrativa ignora fatos históricos e o contexto real do movimento. A prática de educar crianças em casa é milenar, enquanto o modelo escolar tradicional é relativamente recente.
De acordo com Gaba, o renascimento do homeschooling moderno nos EUA ocorreu no fim da década de 1970, não como resistência à igualdade racial, mas como crítica ao sistema educacional estatal e defesa da liberdade de ensino. Ela aponta que o modelo é amparado em princípios de autonomia familiar, personalização do aprendizado e oposição ao autoritarismo governamental — sem qualquer ligação essencial com questões raciais.
A ONU, em relatório recente, reconheceu que a educação domiciliar é parte da liberdade educacional, permitindo que famílias preservem a segurança e autonomia no ensino.
Curiosamente, nos Estados Unidos, o homeschooling tem sido adotado por minorias como instrumento contra o racismo institucionalizado. Dados do Departamento de Educação norte-americano de 2019 mostram que 41% dos adeptos são negros, hispânicos, asiáticos ou de outras minorias. Motivos como busca por ambientes mais seguros, currículos representativos e ensino personalizado têm levado famílias negras a abandonar escolas públicas marcadas por preconceito e violência.
Estudos também indicam que estudantes negros educados em casa obtêm resultados acadêmicos 23 a 42 pontos percentuais superiores aos de colegas das escolas públicas.
Para Gaba Costa, rotular o homeschooling como “racista” é distorcer um movimento que, historicamente, tem sido um aliado da liberdade e da equidade educacional para famílias de diferentes origens e realidades.
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