Oposição disfarçada, segue a cartilha e livra irmão de Lula de convocação na CPMI

A tão aguardada atuação da oposição na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS sofreu um revés após um acordo com o governo. Mesmo com a presidência nas mãos do senador Carlos Viana (Podemos-MG) e a relatoria com o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), ambos de partidos de centro-direita, ficou decidido que Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não será convocado no momento.

Em entrevista nesta terça-feira (26), Carlos Viana explicou que a decisão foi tomada para que a comissão siga uma linha “técnica”:

“Enquanto não tivermos certeza de que houve participação, não faremos convocações. A CPMI quer ter os pés no chão e seguir as orientações técnicas”, afirmou.

Quem é Frei Chico
Frei Chico é vice-presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), entidade investigada pela Polícia Federal por suposto recebimento de recursos desviados de aposentados e pensionistas.
O Sindnapi já havia tentado, no início do atual governo, obter autorização para descontar mensalidades até mesmo dos benefícios do Bolsa Família e do BPC, proposta enviada em janeiro de 2023 ao então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT). O pedido foi negado, já que a legislação não permite descontos nesses programas assistenciais.
Após a morte de seu antigo presidente, João Batista Inocentini, em 2023, o sindicato passou a ser comandado por Milton Cavalo, mantendo Frei Chico na vice-presidência — cargo que ele ocupa desde 2023, embora atue na entidade desde 2008.

O impasse político
A decisão de não convocar o irmão de Lula gerou críticas dentro da própria oposição, que vinha cobrando firmeza nas investigações. Para analistas, o movimento indica que, mesmo com maioria oposicionista, a CPMI está optando por reduzir confrontos diretos com o governo até que haja provas mais consistentes.