Em discurso no Congresso de Comércio Alemão, realizado em 13 de novembro, o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, levantou forte repercussão ao afirmar que ele e sua comitiva ficaram “contentes” ao deixar a cidade de Belém, no Pará, após participarem da agenda preparatória da COP30. Segundo Merz, ao perguntar a jornalistas quem gostaria de permanecer no Brasil, “ninguém levantou a mão”.
A declaração chamou atenção pelo tom direto e crítico com a hospitalidade brasileira e acabou sendo interpretada como uma afronta diplomática ao governo federal. O episódio ocorre em meio à agenda de cooperação entre Brasil e Alemanha, especialmente no âmbito do fundo internacional para preservação de florestas tropicais (TFFF) anunciado por Brasília.
Para o Brasil, o episódio representa uma falha de imagem em plena temporada de visibilidade global — o palco da COP30 em Belém deveria servir para mostrar protagonismo do país em questões ambientais. A afirmação de Merz alimenta a narrativa de que missões internacionais brasileiras ainda enfrentam obstáculos práticos e simbólicos.
Especialistas em diplomacia e imagem pública ressaltam que a declaração, mesmo que informal, tem potencial de abalar a percepção externa sobre o Brasil — e pressionar o governo a responder formalmente ou adotar medidas de dano-controle. A reverberação nas redes sociais e nos meios internacionais reforça a necessidade de atuação mais estratégica na condução dessas visitas e discursos.
Em resumo, mais do que uma frase infeliz, o episódio expõe fragilidades na condução diplomática do Brasil — e demonstra como bastam poucas palavras de uma autoridade estrangeira para gerar desconforto institucional e político.
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