Em uma medida que surpreende o setor produtivo brasileiro, o governo federal liberou a importação em larga escala de tilápia oriunda do Vietnã — o primeiro contêiner, com cerca de 24 toneladas, está a caminho do porto de Santos, e outros 31 deverão seguir, totalizando aproximadamente 700 toneladas de peixe vietnamita.
A contradição no setor interno
Enquanto a produção nacional de tilápia — considerada uma das joias da aquicultura brasileira — enfrenta travas regulatórias, burocracia, custos elevados e escassez de incentivos, o governo autoriza uma importação que muitos veem como uma afronta ao produtor doméstico. Organizações do setor alertaram que a decisão “coloca em risco” a competitividade dos piscicultores nacionais.
O pano de fundo econômico e sanitário
O ministério responsável argumentou que os riscos sanitários da tilápia vietnamita foram avaliados e considerados “negligenciáveis”.
No entanto, entidades como a Peixe BR — que representa a piscicultura brasileira — insistem que métodos, custos e escala de produção exportadora asiática criam disparidades.
Os impactos previstos
- Pressão sobre preços domésticos: com a entrada de peixe mais barato ou em escala diferente, produtores no Brasil podem ver margens reduzidas ou até mesmo abandono da atividade.
- Desestímulo à produção nacional: se os incentivos internos não se ajustarem, a cadeia pode regressar em vez de se desenvolver.
- Soberania alimentar em jogo: o Brasil passa de grande produtor para importador em um setor que deveria se fortalecer para atender não apenas consumo interno, mas também exportação com valor agregado.
- Competição desigual: pequenas e médias pisciculturas enfrentam enormes desafios frente à logística, escala e poder de grandes grupos de importação ou redes de distribuição.
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