O Natal de 24 de dezembro revelou, mais uma vez, a mudança profunda na forma como a política é consumida no Brasil. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostava em um pronunciamento tradicional em cadeia nacional de rádio e televisão, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro escolheu o caminho das redes sociais — e venceu a disputa de audiência de forma contundente.
O vídeo publicado por Michelle, divulgado no mesmo horário do pronunciamento presidencial, rapidamente dominou o debate digital. Em menos de 20 horas, a postagem ultrapassou 1,2 milhão de visualizações no Instagram, segundo destacou o jornalista Cláudio Humberto. O resultado foi descrito por ele sem rodeios: uma verdadeira “surra” de audiência sobre o discurso natalino do presidente.
O vídeo publicado por Michelle, divulgado no mesmo horário do pronunciamento presidencial, rapidamente dominou o debate digital. Em menos de 20 horas, a postagem ultrapassou 1,2 milhão de visualizações no Instagram, segundo destacou o jornalista Cláudio Humberto. O resultado foi descrito por ele sem rodeios: uma verdadeira “surra” de audiência sobre o discurso natalino do presidente.
A política saiu da TV
O episódio é emblemático porque expõe uma realidade incontornável: a política já não é mais definida pela televisão aberta. O modelo clássico de comunicação institucional, baseado em cadeia nacional e discurso formal, perdeu força diante da dinâmica das plataformas digitais, onde autenticidade, proximidade e engajamento direto pesam mais do que solenidade.
Michelle Bolsonaro compreendeu esse novo ambiente. Seu vídeo foi simples, direto e adaptado à lógica das redes, dialogando com um público já consolidado e altamente engajado. Lula, por outro lado, insistiu em um formato que, embora ainda relevante institucionalmente, não mobiliza emoções nem gera repercussão orgânica como antes.
O peso simbólico da comparação
A comparação entre os dois episódios vai além dos números. Trata-se de um choque entre duas estratégias de comunicação política. De um lado, um presidente da República falando para um público cada vez mais disperso e desconectado da linguagem oficial. Do outro, uma liderança política que, mesmo fora de cargo público, consegue mobilizar atenção, engajamento e narrativa.
Cláudio Humberto resumiu o fenômeno ao afirmar que “em poucas horas, um vídeo mudou o jogo da audiência política nas redes”. A observação é precisa. O que antes era monopólio do Estado e das grandes emissoras agora está ao alcance de quem domina o ambiente digital.
O desgaste do discurso institucional
O desempenho discreto do pronunciamento de Lula também revela um desgaste mais profundo. Não se trata apenas de formato, mas de credibilidade, empatia e conexão com o público. O discurso presidencial, marcado por tom burocrático e previsível, não conseguiu competir com uma mensagem que falava diretamente às pessoas, sem intermediários.
A diferença de engajamento escancara um problema estratégico do governo: insistir em modelos de comunicação do passado em um ambiente político que mudou radicalmente.
Um recado para 2026
A “surra” natalina não é apenas um episódio isolado. Ela funciona como um sinal de alerta para o campo político como um todo. Em um país cada vez mais digitalizado, quem ignora as redes sociais perde relevância, narrativa e capacidade de mobilização.
Michelle Bolsonaro mostrou que influência política não depende de cargo, mas de capacidade de comunicação. Lula, por sua vez, evidenciou que o poder institucional já não garante atenção automática.
No Natal, a mensagem foi clara: a audiência escolheu onde prestar atenção — e não foi na cadeia nacional.

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