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Sem rumo e sem resultados, Lewandowski afunda na segurança pública e pode deixar o cargo

 
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, deve deixar o governo federal no início de 2026. A saída, dada como certa nos bastidores do Palácio do Planalto, ocorre após uma gestão amplamente avaliada como fracassada, marcada pela ausência de resultados concretos, por declarações desastrosas e por um distanciamento evidente das principais angústias da população brasileira: a violência e o avanço do crime organizado.
Desde que assumiu a pasta, Lewandowski não conseguiu imprimir liderança, nem formular uma política nacional consistente de segurança pública. O ministério perdeu protagonismo, o enfrentamento às facções ficou fragilizado e o governo federal seguiu sem coordenação efetiva com estados e forças policiais, justamente no período em que o crime organizado ampliou sua atuação territorial e financeira.

Uma frase que simboliza o fracasso
O desgaste do ministro ganhou contornos irreversíveis após uma declaração que repercutiu de forma extremamente negativa. Ao afirmar que “há limites para tudo, não há nenhum direito absoluto… nem o direito à vida”, Lewandowski expôs uma visão que, embora possa existir em debates teóricos do Direito, revelou-se politicamente insensível e completamente desconectada da realidade de um país assolado pela violência.
A frase foi interpretada por amplos setores da sociedade como um desprezo à principal demanda popular: o direito básico de viver com segurança. Na prática, o episódio consolidou a imagem de um ministro distante das ruas, preso a abstrações jurídicas e incapaz de compreender o drama cotidiano enfrentado por milhões de brasileiros.

Segurança pública sem rumo
Sob a condução de Lewandowski, o Ministério da Justiça e Segurança Pública tornou-se um órgão burocrático, reativo e sem iniciativa estratégica. Não houve avanços relevantes no combate ao narcotráfico, na desarticulação de organizações criminosas interestaduais ou na proteção das fronteiras. A Polícia Federal, por sua vez, passou a ser vista mais como instrumento político do que como instituição técnica de Estado.
O resultado foi um vácuo de liderança federal, preenchido por estados e municípios que, muitas vezes, atuam de forma isolada diante de um problema que exige coordenação nacional.
Lula aposta em mais um ministério
Com a saída de Lewandowski, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve lançar mão de uma velha estratégia: criar um novo ministério. A proposta em estudo é o desmembramento da pasta e a criação de um Ministério exclusivo da Segurança Pública.
A iniciativa, no entanto, é vista por críticos como uma manobra eleitoral típica de ano pré-eleitoral. Em vez de corrigir erros, rever políticas ou assumir falhas, o governo opta por ampliar a estrutura administrativa, criando cargos, acomodando aliados e tentando transmitir uma sensação artificial de ação.
Criar um novo ministério não resolve a falta de estratégia, nem substitui decisões firmes contra o crime organizado. Segurança pública não se constrói com marketing institucional.
Um histórico que pesa
Outro fator que compromete a imagem de Lewandowski é sua trajetória recente após deixar o Supremo Tribunal Federal. Ao se aposentar da Corte, o ex-ministro passou a prestar serviços ao empresário Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, antes de assumir um dos cargos mais sensíveis do Executivo.
O trânsito direto entre o STF, o setor privado e o ministério reforçou críticas sobre promiscuidade institucional e fragilizou ainda mais sua credibilidade pública. Para muitos observadores, trata-se de um episódio emblemático da deterioração das fronteiras entre Judiciário, mercado e política.
Um legado de omissão
Ao deixar o governo, Ricardo Lewandowski não deixará como herança avanços estruturais, redução da violência ou fortalecimento das instituições de segurança. Seu legado será o da omissão, da retórica desconectada da realidade e da incapacidade de liderar uma das áreas mais estratégicas do Estado brasileiro.
A tentativa de reorganizar a estrutura ministerial às vésperas das eleições de 2026 dificilmente apagará a percepção de fracasso. A segurança pública seguirá como um dos principais desafios do próximo ciclo político — e como um dos maiores passivos do atual governo.

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