Versátil, fácil de transportar — mesmo com 25 quilos — e de ser
fixada em terrenos e com capacidade para interligar até 23 mangueiras. Essas
são algumas das características da motobomba canadense destacadas pelos 40
alunos que a usam no treinamento do curso do Corpo de Bombeiros Militar
do Distrito Federal de
prevenção e combate a incêndio florestal, que ocorreu no fim de junho.
“Ela foi
desenhada especificamente para combate a incêndio florestal. Tem uma potência
muito boa, podemos usar mais de mil metros de mangueira [altura de um prédio de
cerca de sete andares ]” , ilustra o primeiro-sargento Edinelson do Amaral Serpa,
há 20 anos na corporação, e um dos instrutores da disciplina sobre organização
de materiais e de pessoal para extinguir fogo em áreas verdes.
No treinamento, o grupo foi dividido em equipes para manusear seis das
oito motobombas da corporação. O galão de combustível acoplado para o
funcionamento da máquina suporta até 20 litros, que permitem, em média, quatro
horas diretas de combate. A água pode vir de caminhões-pipa ou mananciais, por
exemplo.
O curso, que
começou em 6 de junho, auxilia a operação Verde Vivo, já que
quando terminar, em agosto — um dos meses mais críticos em incêndios florestais
—, os militares estarão preparados para colocar em prática o que vivenciaram
nas salas de aula e nas lições em campo.
“É importante para aperfeiçoar as técnicas, para saber lidar melhor com
as ocorrências”, destaca a aluna e cabo do Corpo de Bombeiros Militar Amanda Moura, de 28 anos. Além de aprender
sobre os equipamentos específicos, como motobomba, abafadores e motosserras, os
alunos recebem instruções de orientação e navegação terrestre, de sobrevivência
e de prevenção a incêndios florestais, por exemplo.
Na
quarta-feira (6) de manhã, no Gama, o grupo fará treinamento com queima
controlada. À tarde, haverá combate direto com abafadores e bombas costais.
As atividades
do curso terminarão com a formatura da turma, no fim de julho. Antes, porém, os
alunos passam uma semana em acampamento. “É um curso pesado, porque também há
uma parte de sobrevivência; no combate, muitas vezes a gente pode virar uma
noite sem alimentação, sem água, então temos de aprender técnicas para isso”,
detalha o coordenador, major do Corpo de Bombeiros Militar Ronaldo Lima de Medeiros.
Inscrições são feitas
quando há edital interno de chamamento
A seleção é
concorrida. Para se inscrever, deve-se aguardar divulgação de edital interno de
chamamento. Antes de garantir uma vaga, no entanto, é necessário passar pelo
teste de aptidão física, com provas de barra e de flexão, por exemplo. Há
também o teste específico, que consiste em percorrer 5 quilômetros, em até 45
minutos, com uma bomba costal que tem capacidade para até 20 litros de água.
“Muito é
exigido, mas todos sabem do profissionalismo, de como que é feito, então o
aluno sai falando bem e a cada edição temos mais procura”, diz o
primeiro-tenente Hugo Silva, auxiliar de coordenação do curso e instrutor.
Segundo ele, cerca de 150 candidatos participaram do último curso.
Foi exatamente
a propaganda um dos fatores que despertaram a vontade de se capacitar no
soldado primeira classe da Força Aérea Brasileira Mateus Sena Costa, de 23
anos. “Gosto sempre de buscar novos conhecimentos, testar meus limites. O que
me motivou, principalmente, foi ver um dos meus colegas de trabalho que fez o
curso em 2013 desempenhar a atividade”, conta, ao falar da experiência que
considera ímpar.
“Quando se vai para o meio ambiente, o
animal, a espécie da planta, o vegetal não vão agradecer, mas sabemos que
estamos fazendo um excelente serviço não só para o meio ambiente, mas para toda
a população.”Major do Corpo
de Bombeiros Militar do Distrito Federal Ronaldo Lima de Medeiros, coordenador
do curso
Do total de vagas, algumas
são destinadas ao público externo que se relaciona com a atividade de
combate a incêndio florestal. Neste ano, participam três militares da Força
Aérea Brasileira.
São 424 horas-aula, que vão além do treinamento, como explica o
coordenador, major Ronaldo Lima de Medeiros. O curso inclui o trabalho de
educação ambiental, que mostra a importância do Cerrado para esta e futuras
gerações.
“Nós vamos a
uma ocorrência, fazemos uma atuação e a pessoa fala: ‘Muito obrigado, você
salvou meu filho, você apagou o incêndio da minha casa’. Há uma pessoa para
agradecer; isso é um reconhecimento muito importante para nós”, confessa.
“Quando se vai para o meio ambiente, o animal, a espécie da planta, o vegetal
não vão agradecer, mas sabemos que estamos fazendo um excelente serviço não só
para o meio ambiente, mas para toda a população. Por mais que não tenha um
agradecimento de quem está sendo protegido, é extremamente importante”, compara
o major.
Oportunidade de
crescimento na carreira de bombeiro militar
Biólogo, o
primeiro-tenente Vinícius Fiuza Dumas, de 33 anos, está há quatro anos e meio
na corporação e diz que sempre teve afinidade com o tema. “Assim que entrei no
Bombeiro, tive a instrução, continuei me identificando com a área e decidi
tentar o curso justamente pela parte de identificação pessoal e pela
profissional, já que é um crescimento na nossa carreira”, destaca. O
primeiro-tenente conta ainda que procura a especialização para futuramente
poder comandar uma operação Verde Vivo.
A Verde Vivo
tem como objetivo prevenir e minimizar os danos causados ao meio ambiente pelo
fogo. Neste ano, começou em março e vai até novembro. “[O curso] faz parte de
todo o planejamento que o Verde Vivo é. Ocorre para especializar cada vez mais
profissionais da corporação no combate aos incêndios florestais”, resume o
comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar,
coronel Hamilton Santos Esteves Junior.
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