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FURTO DE ÁGUA DEIXA DE ABASTECER 66 MIL CASAS, APONTA CAESB

A Caesb estima que 660 milhões de litros de água sejam furtados todo mês por ligações clandestinas no Distrito Federal. O volume seria suficiente para abastecer 66 mil residências com consumo de até 10 m³ por mês (10 mil litros), o mínimo cobrado nas contas de água, mesmo que o gasto tenha sido menor. No DF, 249,7 mil residências estão nessa faixa de consumo.
A empresa estima a existência de 36 mil “gatos” na rede de distribuição, que causam um prejuízo de R$ 2,6 milhões mensais. Nos casos de furto de água, a Caesb registra ocorrências policiais, que podem tornar-se inquéritos encaminhados ao Ministério Público, que por sua vez processa a pessoa por furto. A pena prevista é de um a quatro anos de prisão, além de multa.
O desvio de água agrava a escassez hídrica do DF, disse ao G1 o diretor financeiro e comercial da Caesb, Marcelo Teixeira. “A ligação irregular é feita de qualquer jeito, por quem quer água a qualquer custo, sem escrúpulos. Esse consumo não autorizado afeta a previsão da quantidade de água necessária para abastecer o sistema, afeta as projeções e os investimentos, e atrasa as obras, que sempre têm de ser maiores por causa disso.”
Teixeira aponta duas formas de combater a situação: ou regularizar invasões, onde surgem a maioria das ligações clandestinas, ou combater a ocupação em regiões irregulares. “O que temos de entender é que quem está furtando água não está preocupado com seca ou com desperdício. Pouco importa, porque ele não está pagando”, diz.
Nos últimos quatro anos, o nível de perdas tem aumentado. De acordo com os dados da Caesb, em 2012, a taxa de perdas era de 29%. No ano seguinte, subiu para 31,52%. Em 2014, passou para 33,38%. No ano passado, 35,2% de toda a água captada e tratada foi perdida. O prejuízo ocorre por razões “técnicas” (perdas reais, quando há um rompimento de adutora, por exemplo) ou “comerciais” (perdas aparentes, por ligações clandestinas, fraudes e furtos).
Segundo o diretor Marcelo Teixeira, somente as perdas ao sistema provocadas pelos “gatos”, por quebra de tubulações e vazamentos, representam cerca de 15% da água distribuída. No ano passado, os moradores da capital consumiram 160 bilhões de litros de água tratada.
A companhia aponta a falta de investimento em controle de perdas, as dificuldades do poder público na coibição de invasões, a utilização de contratos emergenciais em manutenção e o foco em ações corretivas, e não preventivas, como justificativa para a situação.
Uma das medidas adotadas pelo órgão para tentar reduzir o índice de perdas foi destinar US$ 54 milhões (cerca de R$ 180 milhões) para troca de 330 mil hidrômetros e modernização de medidores. A verba vem de um empréstimo firmado em 2014 com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e deve ser desembolsada em até cinco anos. Pelo menos 141 mil hidrômetros já foram substituídos.
Além dos casos de perdas por furto de água, a empresa ainda tem perdas com problemas da rede de distribuição. Em junho, por exemplo, uma adutora se rompeu no Lago Norte e deixou cerca de 200 mil moradores sem água. O problema atingiu casas da Península do Lago Norte e dos condomínios RK, Centauros e Minichácaras, em Sobradinho.
No mesmo mês, o rompimento de um cano na 214 Norte levou a um vazamento que durou toda a manhã e só foi resolvido no fim da tarde. A água invadiu a garagem de um dos blocos, que teve que interditar os elevadores.
O desafio também é evitar os vazamentos invisíveis. Como grande parte do sistema funciona no subsolo, os técnicos têm dificuldade em “rastrear” por onde a água está escoando. “Naturalmente, no sistema, há perdas de 15% a 20%”, declarou Teixeira. “Mesmo com todas as mudanças que implementamos, isso demora a ser sentido. O resultado disso não se dá em um estalar de dedos.”
Mais planejamento
Ao G1, o superintendente de Gestão Operacional da Caesb, Luiz Carlos Itonaga, relatou que as contratações emergenciais para manutenção da rede, que ocorreram principalmente em 2013, têm impacto no resultado de hoje. Na época, os serviços eram muito mais voltados para reparar eventuais falhas, em vez de planejar o sistema como um todo. “Não era feito um trabalho sistemático de pesquisa para reduzir os vazamentos”, afirmou.
O combate às ligações clandestinas tem sido feito por meio de imagens aéreas, que apontam locais onde pode haver “gatos” na rede pública. Regiões como Sol Nascente, em Ceilândia, e Morro da Cruz, em São Sebastião, estão entre as que mais têm furto de água. A expectativa da Caesb é implementar até 2019 um sistema de controle para identificar onde ocorrem vazamentos ou ligações clandestinas.
Acima da média
As perdas da Caesb estão acima da média de 163 companhias que operam nos estados do país e acima da própria previsão da empresa para o DF. No ano passado, a Caesb tinha como meta uma taxa de perda de 32,3%, mas fechou o ano com os 35,2%. Nos demais estados, a média de perdas foi de 33,66%.
A meta da Caesb para 2016 é de 32% de perdas. No ano que vem, o índice esperado é de 31%, e de 30% em 2018. Em 2019, a meta é perder no máximo 29% da produção.
Fonte: G1


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