Por
Olavo Mendonça
A
cena se repete por todo o Brasil. O cortejo fúnebre chega ao
cemitério escoltado por várias viaturas policiais. Muitos outros
policiais comparecem fardados, mesmo estando de folga, para poder
acompanhar as últimas homenagens a um colega que honrou a promessa
de dar a vida pelo Brasil com seu próprio sangue. Durante o velório
as palavras de conforto do Capelão militar relembram que aqueles que
morrem na amizade com Deus não perecerão em definitivo, mas terão
a vida eterna. Após o velório, sempre carregado de emoção e dor,
o policial falecido é escoltado pela guarda fúnebre para as honras
militares. Primeiro o cortejo para diante da guarda de honra que,
perfilada com fuzis, fazem a salva de tiros. Nesse momento o
corneteiro toca o “toque de silêncio”, um dos toques de corneta
mais tristes que existe, que mais parece um lamento. Em seguida o
comandante da guarda de honra comanda, com a espada desembainhada e
de cabeça para baixo, “em funeral, apresentar armas”, e todos
prestam uma dolorosa continência ao saudoso amigo. Depois, em meio a
muita emoção, que agora explode em lágrimas e choro franco,
inicia-se a baixa ao túmulo. O Comandante Geral, ou o Comandante do
policial, entrega a bandeira do Brasil, símbolo máximo do nosso
país e que simboliza cada família e cada cidadão brasileiro,
dobrada a um familiar do herói, geralmente a sua mãe. Essa cena se
repete, praticamente, todos os dias do ano em algum lugar do Brasil.
E, infelizmente, a frequência dessa cena aumenta a cada ano.
Geralmente, exceto em honrosas exceções, nenhuma autoridade pública
comparece ao enterro além do Comandante e dos colegas. Nenhuma rede
de televisão. Nenhuma rádio. Nenhum jornal. Nada. No noticiário
televisivo da noite seguem as notícias como se nada de importante
tivesse acontecido naquele dia. Como se a família de um herói
brasileiro não tivesse, em um instante, ficado, irremediavelmente,
menor. No outro dia mais uma esposa, mãe ou filho(a) receberá
aquela terrível ligação telefônica, geralmente do Oficial de Dia,
do Comandante ou do Capelão militar, informando que, infelizmente,
aconteceu uma coisa muito ruim com o seu esposo, pai ou filho, e que
em nome da Polícia Militar ele sente muito. Isso acontecerá no
outro dia de novo. E no outro e no outro. Com o tempo passamos a nos
acostumar com essa rotina. Mas será que isso é normal? Será que em
países da Europa ou nos Estados Unidos as coisas são assim? A
resposta é simples e direta: Não.
O
jornalista Alexandre Garcia afirmou, ao vivo durante os programas
“Bom dia Brasil” da TV Globo e na rádio CBN, que o Brasil é o
país do mundo onde mais se mata policiais. No país morrem, por ano,
em média, 490 policiais. Esse número medonho fez correr o vídeo da
participação dele no programa, e na rádio, por toda a internet e,
finalmente, trouxe à baila um assunto considerado tabu pela elite
universitária e jornalística do Brasil: O massacre que os policiais
brasileiros vem sofrendo há mais de 20 anos.
Em
um artigo anterior, datado de 2 de fevereiro de 2014, eu já tinha
alertado que o número de policiais mortos no Brasil era na casa de
500 por ano. Esse número, absurdo e de guerra civil, é ainda mais
chocante quando comparado aos da polícia dos Estados Unidos da
América do Norte. Por lá, por ano, morrem em média 70 policiais.
Isso mesmo, 70. O mais impressionante é que nos EUA existem gangues
perigosíssimas, pode-se comprar armas de fogo em supermercados ou
lojinhas na esquina (o que comprova, mais uma vez, que esse papo de
desarmamento da população civil é conversa pra boi dormir dita por
militantes de má fé), tem graves problemas com terrorismo e
étnicos, além de ter uma população muito maior que a nossa, o
Brasil tem 200 milhões de pessoas e os EUA 300 milhões, o que
mostra que ao invés do paraíso utópico prometido pela esquerda,
foi entregue um inferno real, já que o Brasil tem em média quase 70
mil homicídios por ano, enquanto nos EUA são 12 mil.
Para
que tenhamos uma ideia do tamanho da tragédia basta dizer que nos
últimos 20 anos morreram no Brasil, aproximadamente, 10 mil
policiais. É como se em 20 anos todo o efetivo das polícias
militares de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tivesse sido
assassinado. Isso deve ser o suficiente para que mesmo os mais
teimosos e recalcitrantes comecem a vislumbrar o tamanho da
carnificina contra milhares de homens e mulheres que juraram defender
o Brasil e o fizeram com o custo da sua própria vida. É preciso
colocar mais um número terrível no papel: para cada morto tem-se,
em média, três feridos. O que dá o número de mais de 30 mil
policiais feridos em 20 anos. Como base de comparação é como se a
Polícia Militar da Bahia tivesse o seu efetivo inteiro ferido
durante esse período. São números impressionantes. São números
de uma guerra civil. São números que, somados aos dos homicídios
da população, nos fazem refletir sobre o risco que cada brasileiro
corre de sofrer uma violência grave ao longo da vida, e a dos
policiais mais ainda.
Mas
afinal, por que o Brasil que era um país muito mais tranquilo e
seguro até a década de 90 se tornou uma terra sem lei com números
de genocídio? A resposta é simples: ideologia. Com a chegada da
esquerda ao poder, primeiro os Sociais Democratas em 1994 e depois os
revolucionários em 2002, o Brasil começou a sofrer um processo
degenerativo em todas as suas relações humanas que, passo a passo,
levaram para o cenário que temos hoje. Primeiro se optou por começar
uma lenta e insidiosa campanha de difamação contra as polícias
militares. Usando casos de ações da PM contra ela, a grande mídia,
os agentes culturais e universitários e até mesmo militantes dentro
da Igreja Católica, começaram a inverter a realidade, mostrando
sempre o policial como bandido e o bandido como herói. É inegável
que “intelectuais” (aqui no sentido gramsciano do termo) tiveram
uma ação decisiva nesse processo, pois formaram uma geração
inteira de brasileiros, seja nos cursos universitários, seja nas
escolas médias, que acreditavam no papo furado da “luta de
classes” e, mesmo sem saber, já que pelos os dados disponíveis
mais de 30% dos estudantes universitários no Brasil é analfabeto
funcional, ou seja, não consegue interpretar um texto simples,
passaram a odiar os policiais, os militares, os religiosos, os pais,
a família e a Deus, trocando o certo pelo errado, e por isso
cultivando como heróis vagabundos psicopatas como “Che Guevara”,
Lamarca, Marighela, dentre outros. Afinal, o diabo não é tão feio
e mal quanto dizem…
Como
segundo ponto de inversão revolucionária dos valores tradicionais
enraizados no Brasil, que são os valores cristãos, optou-se por
usar a linguagem e os sentimentos do cristianismo contra a população
cristã. Essa técnica, vinda da escola de Frankfurt e idealizada por
marxistas como Herbert Marcuse, mostrava que a nova classe
revolucionária a ser utilizada para realizar a revolução era a
classe dos criminosos, dos drogados e das prostitutas e que por isso
era necessário todo um novo arcabouço argumentativo a favor desses
grupos e contra a moral, o bem, a religião e a família, que são as
bases de toda a sociedade. Por isso que no Brasil proliferam nos
cursos de ciências sociais todo o tipo de “pesquisa” e trabalhos
“científicos” mostrando que os criminosos não são maus e
algozes sanguinários de vítimas indefesas, mas são, na verdade,
vítimas da sociedade, que os oprimiram por conta da sociedade de
consumo e que eles, num ardor revolucionário inconsciente, pegam em
armas e começam a roubar, matar e destruir tudo em nome da “justiça
social”. Por isso que uma das facções criminosas mais antigas do
país tem o nome de “Comando Vermelho” e a outra, o PCC, ter a
mesma sigla do famoso e glorificado “Partido Comunista Cubano,
PCC”.
Outra
razão para esses números absurdos de criminalidade é a cultura
criminal criada e disseminada, por organizações e empresas
milionárias, que passaram a estimular, literalmente, em verso e
prosa o crime e a sua subcultura. Existe hoje um verdadeiro exército
de cantores, produtores de filmes e clipes, “artistas” que vivem
de propagar o crime, cometendo eles mesmos o crime de apologia ao
crime, previsto no código penal nos seus artigos 286 e 287. Com esse
artifício o consumo de drogas (principalmente a maconha), os roubos,
pichações, gangues e outros crimes tiveram os seus números de
praticantes e de vítimas aumentados exponencialmente. Mas se o
consumo de drogas explodiu não tem problema, as FARC estão aí para
produzir e entregar pelas abandonadas fronteiras brasileiras a
quantidade que for necessário, mesmo que isso custe um rio de
sangue.
Alia-se
a isso a profunda alteração das leis penais e de execução penal,
a começar com o famigerado Estatuto da Criança e do Adolescente,
que praticamente acabaram com o cumprimento de penas no Brasil. Como
policial militar presenciei, inúmeras vezes, um criminoso preso em
flagrante por um crime grave, ter uma ficha corrida de mais de 20
passagens, todas com prisão em flagrante e, após um período
ridículo de cadeia, ou nem isso, votar para a rua com aquela empáfia
e ousadia que só a impunidade consegue fazer no bandido. Esse
processo, como os outros já citados, foi, também, criado de
propósito, com o fim específico de transformar o Brasil no que é
hoje: um inferno de crime e de impunidade. Mas, afinal, o que importa
é a revolução e o futuro glorioso de uma sociedade sem classes e
sem sofrimento, nem que seja necessário matar e escravizar toda a
população do país. Se ao final do processo o paraíso na terra não
chegar e ficar apenas um inferno cubano não tem problema, afinal
quem sobrou para reclamar?
Por
fim, assistimos agora a suprema indecência desse grupo político
ideológico que quer, como sempre com a promessa de resolver o
problema que ele mesmo criou, extinguir a Polícia Militar brasileira
com um papo furado de “desmilitarização”, por conta “dos
inúmeros crimes contra os direitos humanos”. Esse argumento é de
uma má fé ultrajante. Além de usar a velha tática de Lênin
(acuse-os do que você faz e xingue-os do que você é) culpando a PM
dos índices criminais altos e que fazem dos policiais as suas
vítimas preferenciais, querem acusar a PM de desrespeitar os
direitos humanos. Obviamente que isso é só uma mudança de foco e
uma distração pois o objetivo final, nunca declarado abertamente é
claro, é acabar com a força reserva interna do Exército, que são
as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, que contam
atualmente com mais de 650 mil homens em condições de pronto
emprego. Foi a Polícia Militar que não permitiu que o país
entrasse com colapso durante os violentos protestos e ações de
desestabilização ocorridos durante a Copa das Confederações em
2013, onde mais de 300 policiais saíram feridos, alguns gravemente,
e outros tantos processados e perseguidos pela mídia. Com a ação
enérgica da PM o plano de aprovar, no rastro do desespero dos
protestos, a tão famosa reforma política e o plebiscito falharam
vergonhosamente. Mas extinguir a PM não tem problema, pois o Brasil
é um país tranquilo, com índices criminais baixos e que o único
problema é o fato da polícia ser militar e poder ser acionada pelo
Exército em caso de caos interno. O fim da PM vai trazer uma nova
era para o Brasil. O PCC e as FARC agradecem.
Espero
que esse artigo, por vezes provocativo, tenha despertado para os
números absolutamente inaceitáveis do crime no Brasil, que faz com
que o nosso país seja o país que mais morre policial no mundo. Esse
massacre dos heróis que juraram, perante Deus e a bandeira do
Brasil, dar a vida pela sociedade, tem que ser primeiro reconhecido,
para que se pare de enfraquecer as corporações que ainda fazem
frente ao exército de criminosos que andam a solta nas ruas buscando
a quem devorar. Em segundo lugar a sociedade civil, os órgãos de
Estado, as empresas de mídia, os parlamentares, os educadores e
todos os brasileiros de boa fé e que amam o Brasil tem que se
posicionar em defesa daqueles que morrem para os defender. Se os
brasileiros não acordarem e não tiverem coragem de agir, de maneira
clara e decidida, em favor das suas polícias militares pode ser que
acordem um dia e descubram que não sobrou ninguém para vir lhe
proteger da horda de marginais armados que está dobrando a esquina.
Fonte:
Blitz Digital
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