Foto: Antonio Scorza/25-07-2017 |
As
placas com os nomes dos 97 policiais militares mortos este ano, que
estavam instaladas na grade da orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, na
altura da Curva do Calombo, foram removidas pela prefeitura antes do
tempo previsto. As telas negras foram afixadas há três semanas,
pela ONG Rio de Paz, e a proposta da organização era mantê-las no
local até que o estado alcancasse o índice de 10 vítimas de
homicídios dolosos para cada 100 mil habitantes. Hoje, esse número
é de 30 mortes por 100 mil habitantes, segundo a ONG.
As
placas foram retiradas por agentes da Comlurb, na madrugada desta
quarta-feira. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a medida
foi motivada por reclamações de moradores.
Para
protestar contra a decisão da prefeitura, a ONG Rio de Paz programou
para esta quinta-feira um “ato de repúdio à retirada das placas”.
Na local onde estavam as telas, serão amarradas 133 fitas pretas em
referência aos 97 policiais militares assassinados em 2017 e às 36
crianças vítimas de bala perdida desde 2007 no estado.
— Era
uma ação educativa, uma forma de humanizar a cidade. Falamos em
políticas públicas, em política de segurança, mas também tem que
haver uma ação educativa, que tenha o objetivo de atingir o coração
do carioca. Essa era uma forma de semear esse valor do respeito pela
vida humana. Para mim, foi uma decepção — afirma Antônio Carlos
Costa, presidente da ONG Rio de Paz.
Foto: Divulgação/Rio de Paz |
A
primeira a perceber o sumiço das placas foi a PM Flavia Louzada,
cabo do 16º BPM (Olaria). A policial, que participou da instalação,
concederia uma entrevista no local, na tarde desta quarta-feira. Ao
chegar, deu-se conta do ocorrido.
— Quando
cheguei, vi que não tinha mais placa nenhuma. Foi decepcionante. A
impressão que dá é que quiseram apagar a memória dos policiais
falecidos. Só deixaram a bicicleta (que faz alusão ao assassinato
do médico Jaime Gold). Parece que existe uma desigualdade: um médico
morador da Zona Sul merece uma homenagem, já um policial militar
não, porque provoca violência visual. É um absurdo — desabafa
Louzada.
Na
segunda-feira, organizadores do protesto haviam atualizado as telas,
incluindo os nomes dos PMs mortos na semana passada e também o do
policial civil Bruno Buhler, morto durante um tiroteio no Jacarezinho
na sexta-feira.
De
acordo com a assessoria de imprensa da Comlurb, as placas foram
guardadas e estão à disposição da ONG Rio de Paz.
Não
é a primeira vez que a prefeitura retira cartazes de protesto da ONG
Rio de Paz na Lagoa. Em julho de 2016, a subprefeitura da Zona Sul
autorizou a retirada de 71 cartazes que haviam sido afixados no mesmo
local com os nomes de vítimas da violência. Na ocasião, a
subprefeitura informou, em nota, que a medida atendia a um pedido dos
próprios moradores, “que solicitaram a remoção dos outros
cartazes que não diziam respeito à manifestação da morte do
médico”.
Fonte:
extra.globo.com
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