Por
Felipe G. Martins
Apesar
de nada confiável, há algumas tendências que podem ser observadas
através da nova pesquisa do Datafolha sondando Lula e Bolsonaro.
A
última
pesquisa eleitoral do Datafolha (pois
é) apresenta alguns dados interessantes, a serem considerados com
alguma cautela. O deputado Jair Bolsonaro teve um crescimento de três
pontos percentuais em relação à última pesquisa (19%), apesar de
candidatos como Henrique Meirelles e Paulo Rabello de Castro terem
sido incluídos nas sondagens. Do outro lado do espectro, Lula
manteve números similares aos obtidos na última sondagem (37%),
apesar da inclusão de candidatos como Manuela D’Ávilla e
Guilherme Boulos.
Descontado
o ceticismo que todos devem ter em relação à ética do Datafolha e
os muitos problemas metodológicos do instituto, vale diz que mesmo
uma pesquisa ruim, quando realizada regularmente, possibilita a
identificação de certas tendências apresentadas pelo eleitorado.
Neste
caso, as mais notáveis são, respectivamente, o fato de que o Lula
parece ter atingido o seu teto e o fato de que o deputado Jair
Bolsonaro continua num tendência de crescimento, enquanto os demais
candidatos permanecem estacionados sem conseguir romper a barreira
dos 10 pontos percentuais, a despeito de serem constantemente
badalados e glorificados pela grande mídia.
Chama atenção ainda o fato
de que, apesar de ter sido realizada nos dias 29 e 30 de novembro, a
sondagem também não dá nenhum sinal de que as últimas
movimentações do PSDB em torno do nome do governador Geraldo
Alckmin tenham surtido efeito.
Os
dados mais interessantes, no entanto, são aqueles revelados pela
pesquisa espontânea (feita sem a apresentação prévia de nomes).
Nessa pesquisa, 17% dos entrevistados citaram espontaneamente o nome
de Lula quando perguntados em quem votariam, contra 19% da pesquisa
anterior; do mesmo modo, 11% citaram espontaneamente o nome do
Bolsonaro, contra apenas 8% da pesquisa anterior; todos os demais
foram citados por menos de 1% dos entrevistados.
Tradicionalmente,
pesquisas espontâneas são bons estimadores de pisos eleitorais, de
modo que, a acreditar no Datafolha, o Lula tem hoje um piso de 17% e
o Bolsonaro um piso de 11%, uma diferença mínima quando levamos em
conta a margem de erro.
As
pesquisas que excluem o nome do Lula também revelam uma tendência
interessante, que é o isolamento do Bolsonaro em primeiro lugar
acompanhado de uma maior indefinição e de um crescimento de
candidatos de esquerda com Ciro Gomes, que dependem da ausência de
Lula para deslanchar e em quem eu tenho dito que devemos prestar
muita atenção.
Ainda
assim, toda cautela é necessária. Afinal, é do Datafolha e da
Folha de São Paulo que estamos falando — e dados estranhos como
aqueles que dizem respeito a uma sondagem do segundo turno demandam
bastante ceticismo.
Fonte: Senso In Comum
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