Por Felipe G. Martins
Pensem, por um momento, em um homem brasileiro médio. Um desses
sujeitos que dão duro o dia todo em um trabalho simples,
dedicando-se ao máximo para receber seu dinheirinho e sustentar sua
família. Ele não tem grandes prazeres além de, quem sabe, uma
cervejinha no final de semana e uma partida de futebol na TV ou,
talvez, alguma piadinha do WhatsApp e uma visita rápida à igreja.
Seus deveres, por outro lado, são muitos -- ele certamente é casado
e tem filhos ou, no mínimo, faz o que pode para amparar seus pais e
seus avós.
No caminho para o seu trabalho, esse sujeito passa por estudantes
universitários cheios de piercings, de cabelos pintados, vestidos
com as roupas mais ridículas e que, muito explicitamente, o
consideram a síntese de tudo o que há de mau no mundo -- um
representante da classe média, do patriarcado, dos heterossexuais
cisgenêro, do obscurantismo religioso...
Na TV, artistas zombam da sua fé e a Fátima Bernardes conversa com
sociólogos que garantem que ele é o grande responsável pela morte
das mulheres, dos homossexuais, dos transsexuais e até dos anões
hermafroditas.
Em seu dia-a-dia, ele é assaltado e humilhado por moleques de
dezesseis anos e sequer pode reagir ou se revoltar sem ser acusado de
desrespeitar os direitos humanos ou ser chamado de autoritário.
Seus filhos, desde que ingressaram na vida escolar, se mostram cada
vez mais estranhos e, após um rápido processo de aculturação,
passam a chamá-lo de homofóbico ou de racista, ao mesmo tempo que
distribuem pitos ecologicamente corretos para toda a vizinhança.
Apesar disso tudo, ele tenta não se incomodar. Desde que sua família
esteja alimentada e de que ele possa assistir ao jogo do Corinthians
ou do Flamengo, ele continuará satisfeito e disposto a relevar essas
coisas todas.
Um dia, entretanto, ele chega em seu trabalho e descobre que ele e a
maior parte dos seus colegas foram demitidos em decorrência de uma
crise gerada pela corrupção e pelos desmandos da classe política,
encabeçada por um partido que dizia representar os trabalhadores e
defender os interesses dos pobres.
Como solução emergencial, esse sujeito opta por trabalhar com o seu
vizinho, que tem uma carreta financiada em muitas prestações, ou se
cadastra como motorista em um aplicativo como o Uber ou o Cabify. A
renda não é das melhores, mas evita que ele fique totalmente à
deriva e veja sua família passar fome.
Concomitantemente, ele vai às ruas e pede a deposição da
presidente e de todos os demais corruptos. Ele não entende muito bem
essa conversa de direita e de esquerda, mas está cansado de ser
governado por figuras de falas herméticas, desligados da realidade
nacional, que raciocinam e falam em politiquês e que são muito
sensíveis às pressões da CUT e da FIESP, do MST e do Itaú, da UNE
e dos professores universitários, mas não dão a mínima para os
problemas reais da população -- a falta de segurança, o
desemprego, os impostos proibitivos, a diminuição do poder de
compra, a degeneração da sociedade, etc. etc. etc.
Ele tem orgulho do trabalho feito pelo Juiz Sérgio Moro, se
identifica com as falas mais duras do Deputado Jair Bolsonaro e se
irrita profundamente quando ouve jornalistas e políticos criticando
a Operação Lava-Jato ou defendendo o PT, o PSDB, o PMDB e essa
corja toda.
Além disso, pouco a pouco, ele vai percebendo que o preço do
combustível, essencial para o seu trabalho, não pára de aumentar.
Em seu WhatsApp, ele recebe uma porção de vídeos que mostram os
preços significativamente menores do diesel e da gasolina vendidos
pela Petrobrás na Bolívia e no Paraguai.
Na rádio, ele ouve, entre uma distração e outra, que há um plano
para recuperar a estatal dos prejuízos causados pela corrupção e
pela má gestão da classe política.
É a gota d'água.
Ele decide que não irá pagar o pato pela roubalheira e pela
gastança dos petistas e da classe política e então se junta aos
seus colegas para bloquear estradas, paralisar pontos estratégicos e
demandar soluções. A sobrevivência da sua família está em jogo.
Talvez esse sujeito não saiba como funciona o orçamento público,
não conheça o sistema tributário brasileiro a fundo, não tenha a
menor idéia de como funciona o processo legislativo e também não
conheça as particularidades do setor -- estatizado, altamente
regulado, sem livre concorrência, com políticas de conteúdo
nacional, repleto de subsídios para o etanol, etc. etc. etc. --, mas
ele sabe que quer uma solução. Uma solução que, saiba ele ou não,
passa necessariamente pela desestatização e pela abertura do setor,
pelo corte de impostos e pela eliminação das barreiras tributárias
e não-tributárias que pesam sobre a atividade de que depende a
sobrevivência da sua família.
Talvez ele não entenda muito sobre política, mas ele sabe que é
preciso punir os corruptos, que é necessário frear o massacre da
população desarmada e que não dá mais para assistir calado
enquanto o setor produtivo é punido, as famílias são destruídas e
mais uma operação contra a roubalheira acaba em pizza. Ele sabe
também que há algo de muito estranho com poder e que é necessário
apoiar eleições limpas e transparantes, realizadas não por meio de
urnas inauditáveis e insondáveis, mas por meio de urnas que possam
ser auditadas por qualquer pessoa -- por alguém como ele ou como seu
vizinho, o dono da carreta.
Isso já é o suficiente, mas não é tudo. Estou convicto de que
este é apenas o começo desse tipo de revolta por parte dos homens
comuns e esquecidos do Brasil. Os donos do poder não fazem a menor
ideia do que os aguarda.
Fonte: Facebook
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Fonte: Facebook
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