Pro Freddy Charlson / Fernando
Caixeta
Além de atender chamadas de
incêndios, acidentes, entre outros pedidos de socorro, militares do
Corpo de Bombeiros do Distrito Federal estão, desde a noite dessa
quinta-feira (20/9), trabalhando no apoio à central 192 do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Eles próprios
atendem as ligações e fazem a triagem das ocorrências, pois
o serviço prestado pela Vanerven Solution, empresa terceirizada
de telefonia, está suspenso.
A Vanerven faz o
atendimento por meio de técnicos auxiliares de regulação médica
(Tarm), profissionais que, além do curso técnico de enfermagem,
precisam ter o devido treinamento para exercer a função. A empresa
está há três meses sem receber e interrompeu os serviços.
Em nota, a Secretaria de
Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) confirmou que o serviço
está sendo prestado pelos militares do Corpo de Bombeiros, mas
negou calote. Informou que aguarda a empresa apresentar o
detalhamento dos serviços e valores, para então realizar os
pagamentos.
A secretaria também esclareceu
que as faturas apresentadas anteriormente pela Vanerven apontam
divergências em relação aos valores no contrato e na
prestação de serviço. “Assim, a pasta solicitou o detalhamento.
Reforça que há não calote, nem falta de pagamento. Trata-se de
procedimento previsto em contrato”, diz a nota.
A empresa, segundo a pasta, está
sem receber pelos meses de junho, julho e agosto. “Dentro do
contrato, a gente identificou pequenos problemas, nada muito
alarmante. Não estamos nos negando a pagar, porque a gente sabe que
o serviço foi prestado. O procedimento para pagamento é que vai ser
diferente. Em vez de a gente fazer pela nota fiscal, vamos pagar
por indenização”, explicou Marcelo Soares, secretário adjunto de
Gestão Administrativa da Seplag.
Segundo o gestor, quatro ofícios
foram encaminhados à empresa e, até agora, a resposta não chegou.
“A gente está insistindo pelo caráter crítico do serviço. Em
nenhum momento o serviço foi interrompido. A gente fez a cobertura
integral com Samu e os bombeiros. Eles vão assumir até o próximo
contrato”, afirmou Marcelo Soares.
Ele assinalou que a empresa
vencedora entregou, nesta sexta-feira (21/9), a documentação para a
minuta de um contrato emergencial. “Cinco dias após a assinatura,
eles assumem. O Corpo de Bombeiros está responsável pelo
setor administrativo. A corporação é maravilhosa. Eles não se
furtaram ao nosso pedido. Está todo mundo mobilizado”, assinalou o
secretário.
Denúncia
O Sindicato
dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília
(SindSaúde-DF), porém, denuncia que técnicos de enfermagem da
Secretaria de Saúde estariam sendo desviados de sua função
primária para atender às ligações do Samu.
Esses servidores teriam
sido convocados, por mensagem de WhatsApp, para deixarem seus postos
e se encaminharem para as centrais de atendimento. Na unidade do Samu
em Santa Maria, diz o sindicato, um técnico de enfermagem de cada
viatura foi convocado para a central telefônica. “Eu me sinto,
como trabalhadora, constrangida, porque não fui treinada para
isso”, teria dito uma servidora.
De
acordo com a presidente do sindicato, Marli Rodrigues, a situação é
considerada grave. “Os funcionários da empresa saem dos seus
postos na central do 192 e, como medida de emergência, tiram os
servidores que estão nas viaturas para atender as ocorrências. O
Samu, que já está sucateado, perde mais gente no atendimento de
emergência e urgência. Os bombeiros perdem profissionais, pois vão
auxiliar o Samu e deixam seus postos”, destacou.
O
SindSaúde aponta que representantes do sindicato estiveram
na central do Samu no Gama, por volta de 1h desta sexta (21/9). Ali,
presenciaram o momento em que funcionários da terceirizada deixaram
os postos de trabalho. O Metrópoles procurou
a Vanerven Solutions, mas a empresa não quis se manifestar.
Em
junho deste ano, o Metróples mostrou
que, de 2015 a 2017, a Secretaria de Saúde abriu mão de R$ 2,9 milhões destinados ao SAM. A falta
de utilização do dinheiro, inclusive, motivou a Procuradoria da
República no Distrito Federal (PRDF) a apurar supostas
“irregularidades na prestação de serviços pelo Samu 192 no DF,
especialmente sobre a ausência de recursos materiais necessários à
execução dos atendimentos (equipamentos e insumos)”.
Fonte: Metrópoles
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Fonte: Metrópoles
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