Por
Lorenna
Rodrigues, O Estado de S.Paulo
O
presidente da União das Câmaras Árabes, Khaled Hanafi,disse que,
se a embaixada brasileira em Israel for transferida para Jerusalém,
haverá boicotes a todos os produtos do País por consumidores árabes
e os empregos brasileiros sofrerão. O recado foi dado nesta
terça-feira, 29, em reuniões com o presidente em exercício,
Hamilton Mourão, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
"As
pessoas nos países árabes não se sentirão confortáveis com a
mudança na embaixada, especialmente os consumidores, e isso pode
prejudicar os negócios na região. Uma vez que eles recebam essas
informações, ninguém poderá controlar a reação" disse, em
entrevista ao Estadão/Broadcast.
Se
em um primeiro momento o governo brasileiro tentou desvincular o veto
aos frigoríficos brasileiros da questão diplomática, o discurso do
presidente da entidade árabe demonstra o contrário. Ele disse que
"até agora" o embargo aos produtos brasileiros é feito
por questões técnicas e que não há problemas generalizados. "Temo
que essas ações técnicas possam mudar a percepção e a atitude
dos consumidores. Não estamos falando apenas de frango, mas todos os
produtos brasileiros", completou.
Para
Hanafi, o simples anúncio de que a embaixada será transferida,
mesmo que não concretizado, poderá desencadear um boicote que, uma
vez iniciado, dificilmente será contido. "Tivemos experiências
com assuntos semelhantes e hoje, com as mídias sociais, isso pode
levar as pessoas a reagirem. Alguns produtos foram retirados do
mercado por causa de coisas como essa, mesmo produtos muito
conhecidos", disse, evitando citar países e produtos. Já houve
boicotes de países árabes a marcas como Coca Cola e McDonald's no
passado.
Nas
reuniões com as autoridades brasileiras, os árabes acenaram com o
aumento de investimento e do comércio bilateral. Hanafi, levou ao
governo brasileiro proposta de construir centros de estocagem e
distribuição das exportações brasileiras em portos estratégicos
em países árabes. A ideia é criar uma espécie de hub para a
distribuição de produtos do Brasil entre esses países. Também há
o intuito de manufaturar os produtos na região, como soja e
cana-de-açúcar. "A ideia é eliminar os intermediários e
reduzir custos", afirmou. "Temos que manter e aumentar os
negócios entre o Brasil e os países árabes".
Hanafi
disse que há um potencial "muito grande" de aumento do
comércio entre países árabes e o Brasil, assim como de
investimentos e parcerias estratégicas. Ele vê oportunidades em
áreas como indústria pesada e de transformação, agropecuária,
logística e transporte, "A ideia de transferir a embaixada não
está só afetando os negócios existentes, mas também os negócios
em potencial. Estamos falando de bilhões de dólares e milhares de
empregos no Brasil", acrescentou.
Questionado
se existe uma tentativa dos países árabes de protegerem seus
mercados, como alegam fontes do setor de carnes no Brasil, Hanafi
disse que essa questão não está em jogo. "Mesmo se nós
tivermos toda a abertura do governo e dos empresários, se os
consumidores boicotarem os produtos, não há como eles serem
vendidos nos países árabes", completou.
A Arabia Saudita não está nesta ação, por ter acordos com EUA e Israel.
Leia também: ISRAEL VAI MANDAR, ATÉ DOMINGO, AVIÃO COM EQUIPE E EQUIPAMENTO DE RESGATE
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