A
Veja publicou áudios que supostamente mostrariam que Carlos e Jair
Bolsonaro "mentiram" sobre Bebianno. Qualquer criança
percebe que eles só CONFIRMAM o que Carlos afirmou.
Por Flavio Morgenstern
A
ex-revista Veja publicou três áudios de WhatsAap do presidente
endereçados a Gustavo Bebianno, o ministro-problema do governo
Bolsonaro, que já estava para ser chutado do governo há tempos.
Segundo a ex-revista, seriam “Os áudios que desmentem o
presidente” (sic),
já que Carlos Bolsonaro negou que o pai teria conversado com Gustavo
Bebianno para tratar do assunto citado pelo jornal O Globo e
replicado por O Antagonista, a saber, uma suposta candidata “laranja”
do PSL que, pela ótica da mídia, seria um escândalo de proporções
pasadenescas.
Repetindo:
Carlos Bolsonaro, que pode até escrever de uma maneira exagerada no
Twitter, disse, citando ipsis
litteris: Ontem
estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: ‘É uma mentira
absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem teria falado 3 vezes com Jair
Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo e retransmitido
pelo Antagonista.’”
Ontem estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: “É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo e retransmitido pelo Antagonista.” pic.twitter.com/AqzZ0YPNOO— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) February 13, 2019
Ora,
não é preciso ser um gênio da interpretação de texto (é mais
fácil até do que entender “Eu não vou te estuprar” depois de
ser chamado de estuprador) para ler, textualmente, ipsis
litteris, sem
edições: “É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem
teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para
tratar do assunto citado pelo Globo”.
Ou seja, Carlos não nega que o pai tenha falado uma, duas, três,
vinte, um milhão de vezes com Bebianno naquele dia, e sim que tenha
tratado do assunto citado por O Globo.
O
Globo colocou no
mesmo parágrafo que
se inicia com uma frase de Bebianno explicando um dos áudios (para
justificar que não havia crise, pois “falou com o presidente”)
um longo detalhamento sobre a questão da suposta “laranja”, Maria
de Lourdes Paixão, candidata a deputada federal de Pernambuco que
recebeu R$ 400 mil do fundo partidário e sagrou-se com apenas 274
votos. Ou seja, O Globo, sem separar os assuntos, deu a entender a
seus leitores que não haveria crise entre Bebianno e Bolsonaro
porque ambos teriam tratado do assunto da deputada.
O
Globo ainda reforça o tema citando Bebianno:
— Não
tenho nenhuma responsabilidade sobre isso. A executiva nacional tem o
dever de garantir que os recursos sejam distribuídos, mas é o
diretório estadual que determina quem vai receber os valores —
disse o ministro.
Bebianno
afirmou que o deputado federal Luciano Bivar (PE), atual presidente
do PSL e cujo grupo comanda a legenda em Pernambuco, é quem deve
responder sobre Maria de Lourdes. Bivar a teria indicado para receber
os recursos.
E
a digressão sobre o assunto “candidata Maria de Lourdes” segue
por ainda mais dois parágrafos.
Apesar
de acertar o primeiro assunto dos áudios de Zap agora vazados para O
Globo por uma fonte misteriosa que ninguém sabe quem é e certamente
não é o Bebianno e muito menos justificaria a sua demissão pela
ótica da mídia que sabia de tudo o que acontecia com Bebianno por
revelação divina, a revelação dos três áudios de Bolsonaro pela
Veja não desmente, e sim confirma o
que diz Carlos Bolsonaro: nenhum deles tratou do tema citado por
O Globo (ainda que, ao contrário do que pensou Carlos, O Antagonista
não tenha citado junto o trecho sobre a suposta “laranja”).
É
claro, é uma questão de vestibular de nível médio, nada difícil:
o trecho confirma ou refuta o que foi dito? Dificilmente seria a
questão mais complexa da prova. Uma leitura que nem precisa ser
lenta demonstra isso (e a miríade de respostas em cada tweet da
grande mídia, que repetiu em uníssono a aleivosia de que “os
áudios provam que o presidente mentiu”, respondendo que não
desmentiu porcaria nenhuma, o comprova).
ÁUDIOS VAZADOS NA VEJA NÃO DESMENTEM CARLOS E JAIR BOLSONARO— Paulo (@pauloap) February 19, 2019
Nesse tweet ai, que começou tudo, Carlos fala que o Jair não tratou com o Bebianno sobre o assunto corrupção no PSL mas não nega que eles conversaram naquele dia
Os áudios só confirmam o Carlos: Jair não falou disso pic.twitter.com/jii8VDzqJ2
Muito claro o que Carlos postou pic.twitter.com/NPpnqjNsx3— Roberto Luiz (@RobertoLuiz7) February 19, 2019
Bolsonaro mentiu ao negar conversas com Bebianno, mostram áudioshttps://t.co/cbQ4fDYhSj— Política Estadão (@EstadaoPolitica) February 19, 2019
O Globo tentou fazer a associação com a questão da suposta “laranja”. Carlos, que certamente ouviu os áudios, fez questão de mostrar que o assunto não foi esse (ou por que teria dito que o pai não conversou com Bebianno sobre… uma viagem no Pará?). A mídia, mais uma vez, se mostra mentirosa.EXCLUSIVO: Os áudios que desmentem o presidente https://t.co/Z5zN4dxxQe pic.twitter.com/6xewKbapvG— VEJA (@VEJA) February 19, 2019
Diga-se
ainda que a questão da candidata Maria de Lourdes Paixão, ainda que
quase ninguém confie no PSL (nem mesmo o enxame de candidatos e
deputados que entupiu o próprio partido recentemente), só é um
escândalo para a legislação, e não para ela própria: se há um
fundo partidário a ser usado, e uma nova lei que exige que parte
dele seja usado com candidatas mulheres, e a candidata foi
incompetente para ganhar votos, significa não que ela é
necessariamente uma corrupta, e sim que tanto o fundo partidário
quanto as cotas para mulheres precisam acabar imediatamente.
Diga-se
ademais que o áudio de Bolsonaro falando da viagem ao Pará dá uma
bronca em Bebianno porque o presidente não queria fazer uma viagem
que passaria a imagem de que inauguraria uma obra, o que não poderia
realizar. Ou seja, neste caso, não quis ser populista, não quis
ganhar louros com o povo sem entregar algo em troca. O contrário de
Lula e Dilma, que chegaram a inaugurar
Universidades vazias, ou a
mesma obra de transposição do São Francisco duas vezes em 10 dias.
Neste
ritmo, o povo começa a sopesar e percebe que jornalistas andam
mentindo mais do que políticos. E olha que falamos do Brasil.
Fonte: Senso Incomum
Fonte: Senso Incomum
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