O
problema não é a escolha do Cinemark, é a desculpa dada: a rede já
exibiu filmes de Lula, Olga, Che Guevara, mil sobre a ditadura e até
mesmo propaganda da gestão Doria
A
polêmica do domingo foi a pré-estréia simultânea em diversas
cidades do documentário 1964:
O Brasil entre armas e livros (assine clicando
aqui e
ganhe um e-book gratuito). A exibição no Rio de Janeiro, que usava
o mesmo arquivo das outras cidades, foi cancelada de última hora
pelo Cinemark. Em Belo Horizonte, tentaram não passar o filme, mas a
equipe exigiu o combinado e acabou passando.
Logo
após o busílis no Rio de Janeiro, o Cinemark emitiu uma
estranhíssima nota, afirmando que “não se envolve com questões
político-partidárias” (sic).
Que, por um erro, tinha acabado permitindo o evento, mas que
permitiram “equivocadamente” (sic).
O
documentário 1964:
O Brasil entre armas e livros,
pode até falar de partidos políticos, mas da época, e não de
hoje. Entretanto, o Cinemark exibiu, e até mesmo fez eventos de
divulgação, de filmes como “Lula, um filho do Brasil”, aquele
do ex-presidente e atual presidiário, que o governo brasileiro
mandou como indicação do Brasil ao Oscar, e que só pode falar de
uma questão política, pelo ponto de vista partidário de quem
idolatra o maior bandido do Brasil e o PT. E isso até com evento de
exibição.
Ou
então o filme “Olga”, que trata de uma personagem da época da
ditadura Vargas, e que também foi uma comunista (e espiã
soviética).Por acaso o filme sofreu o mesmo tratamento? “Não nos
envolvemos em questões político-partidárias”? E Olga é um filme
com nudez, classificação indicativa alta, mas estava todo faceiro
no Cinemark.
E
que tal “Diários de Motocicleta”, contando a história do
guerrilheiro racista Che Guevara? Foi impedido de ser exibido no
Cinemark? Ou o filme “O Lobisomem”, com Benicio del Toro,
retratando o monstro como um belo rapaz cheio de sonhos e abnegação
em nome do próximo? Oh, perdão: o filme em que del Toro
interpreta este monstro
carniceiro se chama “Che”.
Também
“O Jovem Marx” foi exibido no Cinemark, ainda com promoção da
Revista Fórum, órgão de discurso quase “oficial” do PT (óbvio
que se alguém disser que há marxistas no PT, serão chamados de
teóricos da conspiração).
Há
uma tal miríade de filmes que podem ser citados que feririam o
princípio alegado pelo Cinemark para escangalhar o evento do
filme 1964 no
Rio de Janeiro que, fora desenhos animados e comédias românticas
mela-cueca, ficaria difícil escolher qual não deveria
sofrer o mesmo tipo de boicote.
Inclusive
todos os filmes sobre a ditadura, seja “O ano em que meus pais
saíram de casa” ou “O Que É Isso, Companheiro”, seja “Zuzu
Angel” (que trata como fato consumado um processo até hoje sem
provas) ou “Eles Não Usam Black-Tie”, para não citar o clássico
“O Beijo da Mulher-Aranha”, único filme brasileiro a faturar um
Oscar (no último ano do regime militar).
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