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O estranho caso de Gusttavo Lima

Por Telma Regina
Para quem ainda não entendeu, esclareço. A manchete correta, fiel ao fato e sem viés ideológico seria esta: “MP abre investigação sobre PREFEITURA de Magé (RJ) que contratou show de Gusttavo Lima”. O sentimento gerado pela primeira manchete é direcionado para o cantor, o alvo errado da insatisfação (e da investigação), mas que precisa ser cancelado pelo “bem do sistema carcomido” que respira por aparelhos. Acredite, a velha mídia faz isso o tempo todo e você sequer percebe que está sendo flagrantemente manipulado.
Palermice define esse imbróglio. E tem palerma de todos os lados, embora saibamos que, quando se trata da esquerda e seus idiotizados, além da palermice, tem método.
No ringue mambembe dessa bobagem, há dois pesos pesados. De um lado, a arena pública; de outro, um cantor admirado e bem-sucedido.
Falemos primeiramente das prefeituras
Prefeituras contratam artistas para shows e eventos DESDE SEMPRE. O que paga tais eventos é dinheiro público. De novo, DESDE SEMPRE. Porque – você sabe, não é mesmo? – prefeituras não produzem bens, não geram riquezas, apenas administram dinheiro de impostos. Pois é. Se não sabia, agora sabe. Muito bem! Dito isto, vamos à próxima questão: por que as prefeituras SEMPRE fazem eventos e promovem shows ou espetáculos? Porque, se for séria e comprometida com os seus locais, essa prefeitura TAMBÉM se preocupará com lazer e fomento à economia do município. É só perguntar com qual nível de ansiedade e expectativa um comerciante ou um vendedor informal aguarda essas ocasiões que, ao estimularem os cidadãos a saírem de suas casas e ao atraírem público de cidades vizinhas, garantem um aumento considerável no faturamento do mês. Pesquise e veja a mágica acontecer.
Problema. O prefeito e seus asseclas. Por não serem pessoas virtuosas, encontraram nesses eventos uma forma de ganhar um extra, ou de maquiar um gasto inconveniente ou ilegal, ou de “ajudar” um protegido que pretende se candidatar nas próximas eleições. A lista é mais extensa, mas acho que esses exemplos bastam. E lá se vão quase 4 décadas de manobras e malabarismos com o dinheiro público.
O afegão médio, mais conhecido como pagador de impostos, que vai ao posto de saúde e encontra instalações capengas, farmácia popular vazia, funcionários despreparados e deslumbrados com seus pequenos poderes, médicos que não aparecem – pois esse afegão médio vê as falcatruas. E se enfurece.
O mesmo afegão médio que vai matricular o filho na escola e encontra prédios caindo aos pedaços, funcionários mal-humorados, professores que aparecem hoje e amanhã, não; merenda escolar pobre, quando não, estragada – pois esse afegão médio faz contas e fica irado porque a prefeitura gasta “com o que não precisa”. Mas não se iluda, a filha dele vai ao show da Anita, contratado pela prefeitura. E fica super feliz. Na eleição seguinte, com dinheiro farto para campanha, o prefeito é reeleito (ou elege seu protegido).
Fato. O que seria uma alavanca de prosperidade para o município se transforma em prejuízo para uns e ilusão para outros. Para cumprir o primeiro postulado, seriam necessárias pessoas virtuosas, comprometidas verdadeiramente com o bem-estar físico e mental dos governados. Para o resultado realmente obtido, bastam os eleitos que temos disponíveis hoje.
Alguém poderia perguntar se nessa minha visão, digamos, pessimista não há lugar para gente honesta e virtuosa. Claro que há. No Brasil, são mais de 5 mil municípios e, certamente, em muitos deles, pessoas agem de maneira íntegra e ética. Só que não viram notícia nessa mídia velhaca, vendida e subserviente ao viés esquerdista. E o que a mídia divulga forma o seu, o meu, o nosso imaginário. O ruim se torna a regra, e todos nós nos transformamos em inimigos ferrenhos dos malfeitores – o que é o caminho certo –, mas isso também nos toma o espaço da avaliação caso a caso, restando sempre mais fácil generalizar.
No caso específico envolvendo o cantor Gusttavo Lima (ou casos específicos, no plural, já que aparentemente 3 prefeituras foram colocadas sob suspeição), se há indícios de coisas erradas, que o Ministério Público, cuja atuação é sempre enviesada à esquerda, investigue as prefeituras. Talvez valesse a pena, inclusive, investigar TODAS as prefeituras do Brasil e TODOS os shows e eventos realizados, digamos, nos últimos 10 anos. Afinal, a preocupação é com a malversação do dinheiro público, certo? De minha parte, eu ficaria bem contente de saber se a prefeitura da minha cidade agiu como manda o figurino quando, há uns 5 anos, trouxe a nefasta Anita, pagando um cachê que, supostamente, beirou os 500 mil reais (pelo menos é o que diziam por aqui, à época). Aí, MP! Fica a dica.
Agora, vamos ao outro lado da moeda.
O artista!
Artista, qualquer artista, é um prestador de serviços. Uns têm sucesso; outros, não; e ainda há os que ficam a meio caminho. Como todo prestador de serviços, é patrão de si mesmo e arca com todas as responsabilidades de um patrão (e são muitas). O artista – e isso vale para todos, inclusive para os idiotizados pela foice e martelo – é livre para determinar o que cobrará por um show, para definir a duração desse show, se o realizará em local aberto ou fechado, se levará sua própria equipe de músicos, iluminação e som; se levará ou não dançarinos, se fará ou não coreografias pirotécnicas, se o show será durante o dia ou à noite, e por aí vai. O artista é dono do seu talento e livre para vendê-lo como quiser, para quem escolher.
O cachê do Gusttavo Lima é de 1 milhão de reais. OK. Por que isso gerou tanto espanto, tanta indignação recheando as exclamações de “é um absurdo”?
É direito dele, inalienável, de avaliar seu espetáculo nesse montante. Ele estipula o valor, paga quem quer ou pode. Ponto. Fim.
Ah! mas é dinheiro público! Bem, isso é responsabilidade do pagador.
Ah! pode não ser ilegal, mas é imoral. De novo, isso diz respeito ao pagador.
Ah! mas aí tem coisa; como uma prefeitura tem todo esse dinheiro para pagar um único cachê? Mais uma vez, isso é o pagador que tem que responder.
Gusttavo Lima tem mais de 14 milhões de seguidores só no Twitter. Não tenho ideia da quantidade de fãs que ele conquistou. Pelo que vejo noticiado, ainda que porcamente, seus shows atraem multidões enormes (o que é um pleonasmo, mas aqui se justifica). Seu sucesso o transformou em um homem rico – e, como quase todo artista do sertanejo, certamente foi inteligente e administrou seu dinheiro nos campos do agronegócio. Tudo limpo, claro e à vista de todos.
Não faz sentido que, só agora, tudo isso tenha se transformado em indignação e suspeita. E não estou me referindo aos esquerdopatas de plantão, porque desses nunca espero nada que preste. Já é mais do que sabido que são invejosos, incompetentes em sua grande maioria, e canceladores contumazes de quem não reza pela cartilha deles, nem se ajoelha para as loucuras que propagam. Refiro-me aos que se dizem “de direita”, pessoas que dizem defender a família, a propriedade, a vida, a liberdade.
Estamos nos tornando um povo “dinheirista”. Um povo que mede tudo pela régua do dinheiro enquanto, e ao mesmo tempo, adota atitudes idênticas às dos criticados para ganhar dinheiro ele próprio. Paradoxal, mas isso é outra forma de transformar o dinheiro em um deus ao qual se presta reverência diariamente. Assim como o pai da mentira nos atrai com cédulas de dinheiro, prometendo a felicidade quando juntarmos muitas delas, ele (o pai da mentira) também nos envenena sussurrando que todo semelhante nosso, se bem-sucedido, é um canalha. A quem você serve? A quem servimos?
Como bem pontuou o ex-secretário de Cultura, Mario Frias, no caso de shows contratados pelo poder público, o que vigora é a lei de mercado e o artista, assim como qualquer prestador de serviços íntegro e ético, nada tem a ver com a forma como um prefeito administra seu legado.
Parte do nosso amadurecimento político depende de nossa disposição para aprender a analisar e avaliar os acontecimentos pelo ângulo correto, considerando todas as variáveis envolvidas e atuando como um povo engajado no exercício do verdadeiro poder que de nós emana; e sendo honestos com nós mesmos sobre o que vemos. Sim, isso dá muito mais trabalho do que simplesmente ler manchetes e sair opinando com o fígado.
Fonte: Vida Destra 
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