Se faltava a confirmação do título da Fórmula 2 2024 para quem ainda tinha dúvidas do merecimento da vaga na Fórmula 1 a Gabriel Bortoleto, ele tratou de selar depois de embate acirrado contra um adversário tão duro quanto e não menos talentoso, pelo contrário. E talvez seja exatamente a presença de Isack Hadjar como oponente que torna a conquista deste domingo (8), em Abu Dhabi, ainda mais grandiosa, mas o brasileiro soube usar um ponto em específico a seu favor para desequilibrar a balança.
Claro que Paul Aron também foi duro, sobretudo na primeira parte do ano graças à impressionante regularidade. Só que o estoniano teve de engolir o brilho natural dos outros dois. Ainda que tenha levado a disputa até a rodada final, era o famoso azarão nas apostas.
O favorito, em contrapartida, era Gabriel, e por razões simples. Primeiro, claro, pela própria performance em pista, tanto que passou a ser questão de tempo até vê-lo brigando de fato pelo topo da classificação. Segundo, pelo acerto da Invicta ao dar a ele um equipamento muito mais eficaz que o carro da Campos, e isso não tira 1% do mérito de Bortoleto.
Mas há outro ponto citado por Fernando Alonso e que merece atenção: a força mental. Nisso, ele ganha de Hadjar, que vez ou outra perde o controle com o time pelo rádio e deixa transparecer a imagem de um piloto imaturo e que vai precisar de mais tempo para crescer.
Só que não foi sempre assim, e Alonso fez questão de lembrar o quanto ele se abatia com situações que fugiam do seu controle há dois anos. “Ele ficava muito frustrado quando as coisas não davam certo”, pontuou o bicampeão, algo que definitivamente não aconteceu este ano, nem mesmo quando se viu partindo da última posição nas duas corridas de uma rodada, lá na Itália.
Essa, aliás, sempre será uma performance emblemática e que ilustra muito bem o que Bortoleto está perto de se tornar, e aqui novamente faz-se necessário dar voz a Alonso. “Se continuar assim, no futuro será um piloto 100% completo”.
O título da Fórmula 2 coroa merecidamente a ascensão meteórica de um piloto que chega à F1 para ser parte de uma jornada ainda desconhecida com a também novata Audi. Antes, porém, terá o difícil estágio com a Sauber, mas a boa notícia é que a base em Hinwil dá pequenos sinais de que pode viver um 2025 muito diferente da tragédia vista este ano.
Para Bortoleto, será um ano de muito aprendizado, e as comparações com os demais novatos serão inevitáveis, mas se tem uma coisa que ele já assimilou é que só deve se preocupar com o que o adversário está fazendo quando realmente faz diferença. E é essa força mental que precisa ser levada por toda a vida.
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