Presidente critica postura americana e reage à tentativa de interferência nas decisões do STF
Durante a convenção nacional do PSB neste domingo (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quebrou o silêncio e respondeu de forma contundente à possibilidade de os Estados Unidos aplicarem sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A tensão diplomática teve início após o Departamento de Justiça dos EUA enviar uma carta oficial ao STF e ao Ministério da Justiça brasileiro, na qual condena a decisão de Moraes de bloquear o perfil do jornalista Allan dos Santos na plataforma Rumble. O comunicador, investigado por incitação a atos antidemocráticos, está atualmente residindo nos Estados Unidos.
Sem economizar nas palavras, Lula rechaçou a pressão internacional e afirmou que os EUA não têm autoridade moral para questionar o Judiciário brasileiro.
“Olha a história dos Estados Unidos querendo negar alguma coisa e criticar a Justiça brasileira. Nunca critiquei a Justiça deles. Eles fazem tanta barbaridade e eu nunca critiquei. Eles fazem tanta guerra, matam tanta gente”, afirmou o presidente durante o evento partidário.
Escalada diplomática
O discurso de Lula surge em meio a crescentes tensões diplomáticas. Na última quarta-feira (28), o senador republicano e atual secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou que o governo dos EUA estuda impor restrições de visto a autoridades estrangeiras acusadas de censura a cidadãos americanos.
Rubio foi direto ao dizer que o foco da medida seria a América Latina, e embora não tenha citado nomes, o contexto da carta enviada ao Brasil coloca Alexandre de Moraes no centro da polêmica.
Lula, ao sair em defesa do ministro, reforçou que as decisões da Justiça brasileira devem ser respeitadas, independentemente da pressão externa.
“Os Estados Unidos querem processar o Alexandre de Moraes porque ele está querendo prender um cara brasileiro que está lá nos Estados Unidos fazendo coisa contra o Brasil o dia inteiro”, disparou o presidente.
Contexto político
A reação do Palácio do Planalto acontece em um momento em que o governo brasileiro tenta preservar sua imagem internacional, ao mesmo tempo em que enfrenta pressão interna e externa sobre o equilíbrio entre liberdade de expressão e combate à desinformação.
O caso Allan dos Santos tornou-se um símbolo dessa disputa, com a oposição acusando Moraes de censura, enquanto o STF sustenta que atua dentro dos limites constitucionais para proteger a ordem democrática.
Com Lula entrando diretamente no debate, o episódio ganha novos contornos — agora não apenas jurídicos ou políticos, mas também geopolíticos.
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