STF se irrita com Tarcísio após fala sobre “eleições livres”: ruptura à vista?

Apoio a Bolsonaro e fala sobre eleições "livres" decepcionam ministros da Suprema Corte

Uma publicação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), causou desconforto entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e aprofundou a tensão institucional entre o Judiciário e o núcleo bolsonarista. A frase que provocou maior irritação foi a defesa de “eleições livres, justas e competitivas”, inserida em uma mensagem de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro publicada nas redes sociais na última sexta-feira (18).

Apesar de Tarcísio ser visto como uma figura moderada da direita e considerado, até então, um possível ponto de equilíbrio entre Bolsonaro e o STF, sua manifestação pública causou surpresa negativa nos bastidores do Judiciário. Ministros que nutriam expectativa de que o governador pudesse atuar como um moderador nas crises políticas classificaram a declaração como “equivocada” e até “perigosa”, por supostamente reforçar o discurso de deslegitimação do sistema eleitoral brasileiro.

A avaliação entre os ministros é de que o termo “eleições livres” resgata a retórica utilizada pelo ex-presidente e seus aliados para lançar dúvidas sobre a legitimidade do processo eleitoral, mesmo após diversas decisões judiciais e manifestações oficiais atestarem a segurança das urnas eletrônicas e a lisura das eleições no país.

No trecho mais comentado da nota, Tarcísio afirmou:

“Não conheço ninguém que ame mais este país, que tenha se sacrificado mais por uma causa, quanto Jair Bolsonaro. [...] Não haverá paz social sem paz política, sem visão de longo prazo, sem eleições livres, justas e competitivas. A sucessão de erros que estamos vendo acontecer afasta o Brasil do seu caminho.”

Fontes próximas aos magistrados relataram “perplexidade” diante da fala, especialmente porque Tarcísio mantinha, até então, um canal de diálogo com integrantes da Corte. Agora, o gesto é interpretado como um alinhamento mais firme ao discurso político do bolsonarismo, o que pode impactar sua relação com o Judiciário em futuras decisões que envolvam o governo paulista ou figuras do campo conservador.