A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de condenar Jair Bolsonaro e outros oito réus por tentativa de golpe de Estado repercutiu em peso na imprensa internacional. Veículos de diversos países classificaram o julgamento como histórico e divisor de águas para a democracia brasileira, mas também reforçaram críticas ideológicas ao ex-presidente e destacaram a divisão política que marca o país.
Nos Estados Unidos, o The New York Times descreveu o resultado como “um momento crucial em um julgamento de meses que testou a maior democracia da América Latina”, apontando que ainda persistem dúvidas sobre o futuro político e jurídico de Bolsonaro. O jornal também mencionou que a decisão pode provocar retaliações de Washington, incluindo sanções contra instituições brasileiras.
A britânica The Economist foi além e classificou o julgamento como um marco histórico, associando Bolsonaro ao regime militar de 1964 e chamando-o de defensor da ditadura. A revista destacou ainda uma suposta articulação de aliados do ex-presidente para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice e o ministro Alexandre de Moraes — um plano que, segundo a publicação, não avançou por falta de apoio das Forças Armadas.
O Clarín, da Argentina, preferiu focar no impacto social do caso, dizendo que a “sociedade brasileira está polarizada entre os que enxergam o julgamento como defesa da democracia e os que o veem como motivado politicamente”.
Já o The Guardian, do Reino Unido, apontou a queda de Bolsonaro como a derrocada de um presidente acusado de destruir o meio ambiente, mas reconheceu que a direita segue forte no país. O jornal ainda destacou as dúvidas levantadas pelo ministro Luiz Fux sobre a competência do STF, o que poderia abrir espaço para contestações jurídicas.
O The Times of Israel classificou o julgamento como um dos mais controversos da história recente, reforçando que o caso dividiu profundamente a sociedade brasileira.
Por fim, o Wall Street Journal observou que, embora Bolsonaro tenha sido condenado, sua defesa insiste que não há provas de participação direta em qualquer plano de golpe e que ele supervisionou uma transição pacífica de poder em 2022. O veículo ressaltou que o processo expõe o peso crescente do Judiciário na política brasileira, algo que, segundo analistas, gera preocupações sobre politização.
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