Reunião no Rio de Janeiro reúne oito estados e marca o início de uma frente nacional por mais autonomia e endurecimento das leis contra o narcotráfico
O clima político e institucional do país esquentou nesta quinta-feira (30), quando oito governadores de direita se reuniram no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, para anunciar a criação do “Consórcio da Paz” — uma aliança inédita que promete coordenar ações conjuntas contra o crime organizado e reforçar a autonomia dos estados na segurança pública.
O anfitrião do encontro, Cláudio Castro (PL-RJ), foi enfático ao afirmar que o consórcio nasce para “defender o povo e enfrentar o narcotráfico sem interferências políticas ou ideológicas”.
“Vamos criar um consórcio para dividir experiências, compartilhar inteligência e libertar o nosso povo do crime organizado. A sede será no Rio de Janeiro, mas o propósito é nacional — é pelo Brasil”, disse Castro, ao lado de líderes estaduais de Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Distrito Federal.
Resistência ao centralismo de Lula
A criação do consórcio ocorre em meio a críticas ao governo Lula (PT), acusado por governadores de centralizar decisões e limitar a autonomia das polícias estaduais por meio de decretos e políticas federais que condicionam repasses de verbas.
Segundo Castro, o Consórcio da Paz se opõe ao decreto federal que previa restrições no uso da força policial e ameaçava cortar recursos de segurança dos estados que não seguissem as diretrizes de Brasília.
“Não dá para tratar o Rio Grande do Sul como o Rio de Janeiro ou o Acre. Cada estado conhece sua realidade. A tentativa de uniformizar o combate ao crime é um erro grave e inconstitucional”, declarou Castro.
A resposta ao caos no Rio e a união pela segurança
A decisão dos governadores acontece dois dias após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio, que deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais. A ação, que mirou o Comando Vermelho (CV), reacendeu o debate sobre o enfrentamento ao crime e as limitações impostas por decisões judiciais, como a ADPF das Favelas, do Supremo Tribunal Federal (STF), que restringiu operações em comunidades cariocas por cinco anos.
Os governadores saíram em defesa pública de Cláudio Castro, elogiando sua “coragem” e criticando o que chamam de “ingerência judicial sobre as polícias”.
Entre os presentes estavam Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO), Ratinho Junior (PSD-PR) e Jorginho Mello (PL-SC) — todos pré-candidatos cotados para a disputa presidencial de 2026. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) participou por videoconferência.
“O crime organizado não respeita fronteiras, e a política de segurança também não pode ser fragmentada. Precisamos de uma resposta coordenada e firme”, afirmou Ronaldo Caiado, governador de Goiás.
“Consórcio da Paz”: o novo pacto federativo da segurança
O Consórcio da Paz nasce como um movimento interestadual de segurança pública, com o objetivo de:
- Unificar ações de inteligência policial;
- Promover intercâmbio entre forças de segurança dos estados;
- Elaborar propostas legislativas para endurecimento das penas;
- Estabelecer protocolos conjuntos em grandes operações;
- Reforçar a soberania dos estados frente à centralização federal.
Os governadores também planejam propor ao Congresso Nacional a criação de uma legislação unificada de combate ao crime organizado, inspirada em modelos internacionais, com maior rigidez penal e bloqueio financeiro de facções.
Um embate que pode definir 2026
A formação do bloco também tem leitura política: os governadores de direita — quatro deles cotados à Presidência — sinalizam uma frente comum contra a política de segurança do governo Lula e um reposicionamento conservador no cenário nacional.
Analistas políticos apontam que o tema “segurança pública” será um dos pilares das eleições de 2026, e que a criação do consórcio fortalece os governadores como lideranças nacionais no combate ao crime.

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