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Usar Adidas pode custar a vida! facções declaram Guerra a quem vestir as três listras na Bahia

 
As icônicas três listras da Adidas, símbolo mundial de esporte e estilo, se transformaram em motivo de medo e violência nas ruas da Bahia. Em Salvador, principalmente no bairro da Pituba, vestir uma camisa da marca pode custar a vida. O logotipo da gigante alemã passou a ser associado à facção Bonde do Maluco (BDM), e o simples uso da marca vem sendo interpretado como demonstração de apoio ao grupo — uma sentença perigosa em territórios controlados pelo Comando Vermelho (CV), facção rival.
Segundo reportagem do Correio da Bahia, um comerciante relatou ter sido intimidado ao usar uma camisa da Adidas:
“O cara falou: ‘aqui é dois, você tá de três. Cuidado’. Eu troquei a roupa na hora. Me senti ameaçado”, contou a vítima, que preferiu não se identificar.
O “três” faz referência ao BDM, enquanto o “dois” identifica os territórios dominados pelo CV. A rivalidade entre os grupos levou à criação de códigos visuais — cores, símbolos e até marcas — usados como formas de demarcação de poder e intimidação de civis.
 
Moda e morte: quando o estilo vira sentença
Casos de violência relacionados ao uso de roupas e acessórios continuam se multiplicando. Em Saubara, um jovem foi assassinado por usar uma camisa com estampa do Mickey Mouse, supostamente associada à facção A Tropa. Em Salvador, estudantes foram obrigados a deixar escolas após adotarem o corte de sobrancelha com três riscos, símbolo ligado ao BDM.
Em 2022, um adolescente foi morto no bairro de Águas Claras após usar uma camisa nas cores de uma facção rival. Outro caso semelhante ocorreu em Simões Filho, onde um jovem foi executado por causa de um boné que remetia ao grupo criminoso adversário.
No episódio mais recente, em Camaçari, os irmãos Daniel (24) e Gustavo Natividade (15) foram mortos após aparecerem em fotos fazendo o “sinal do 3”, interpretado como provocação ao CV.

Escalada do medo e ausência do Estado
Moradores relatam que o medo domina bairros como Sussuarana, Nordeste de Amaralina, São Cristóvão e Pituba. Em várias comunidades, usar determinadas marcas ou cores passou a ser considerado “ato de provocação”, e muitos cidadãos evitam até sair de casa com roupas esportivas.
A reportagem do Conexão Política buscou o posicionamento do Governo da Bahia e da Prefeitura de Salvador, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno oficial. Fontes ligadas à segurança pública confirmam, no entanto, que a intimidação por símbolos gráficos tem se tornado uma preocupação crescente, inclusive em áreas escolares e comerciais.
Especialistas alertam que esse fenômeno revela o avanço do poder simbólico e territorial das facções, que agora controlam até o comportamento e a aparência dos moradores.

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