Em sua primeira entrevista como presidente eleito da Argentina, Javier Milei afirmou nesta segunda-feira, 20, que levará adiante o plano para fechar o Banco Central e dolarizar a economia, duas das principais e mais polêmicas propostas de sua campanha. Além disso, estipulou um prazo de 18 a 24 meses para conter a inflação do país, atualmente a 147% ao ano.
“Fechar o Banco Central é uma obrigação moral, e dolarizar [a economia] é uma maneira de nos livramos do Banco Central”, declarou à rádio argentina Continental.
No entanto, o ultraliberal afirmou que a moeda adotada por seu governo será “aquela escolhida pelos indivíduos”. Também disse que, por enquanto, manterá a taxa de câmbio e não levantará a limitação ao estoque de dólar de bancos do país, imposta pelo governo do atual presidente, Alberto Fernández, para controlar quanto da moeda norte-americana cada cidadão pode comprar.
“Antes de levantar a limitação ao estoque do dólar, é preciso resolver o problema da Leliq [taxa básica de juros do país]. Vamos tentar fazer isso o mais rápido possível, porque, se não, a sombra da hiperinflação estará aqui o tempo todo”, completou.
Milei declarou ainda que “tudo o que puder estar nas mãos do setor privado, estará”, referindo-se a empresas e organizações públicas como a petrolífera YPF e a televisão estatal. Porém, ele negou que vá privatizar a educação e a saúde, como havia proposto anteriormente. “Isso é falso, cabe às províncias [decidir]”, disse.
O presidente eleito, que tomará posse no dia 10 de dezembro, acrescentou que já definiu boa parte do gabinete que o acompanhará no início do mandato.
“Vamos surpreender com a equipe, os mais talentosos vão ficar dentro. O importante é resolver os problemas dos argentinos”, disse à rádio Continental. O economista de 53 anos venceu neste domingo 19 o segundo turno das eleições na Argentina, com 56% dos votos. Sergio Massa, o candidato do governo, obteve 44%, em uma reviravolta sem precedentes.
Armado com uma motosserra, o economista apelou durante a campanha ao “extermínio da casta política”, que acusa da perpétua crise econômica que assola a Argentina.
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