O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou neste sábado (17) o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para adiar os depoimentos das testemunhas no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Com a decisão, as oitivas seguem mantidas e terão início já na segunda-feira (19), estendendo-se até o final do mês.
A defesa de Bolsonaro alegava não ter tido tempo hábil para analisar o vasto volume de dados entregues pela Polícia Federal nos dias 14 e 15 de maio — aproximadamente 40 terabytes de material probatório. Os advogados argumentaram que esse fator comprometeria o direito de defesa e justificaria o adiamento das audiências.
Contudo, Alexandre de Moraes foi categórico ao afirmar que a liberação do material não altera os fundamentos da denúncia já apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR), tampouco interfere na fase atual do processo. Segundo ele, o conteúdo enviado recentemente apenas complementa o acervo probatório analisado durante o recebimento da denúncia. “A disponibilização desse material, entretanto, em nada alterou os fatos imputados na acusação”, escreveu o ministro na decisão.
Oitiva sob os holofotes
As oitivas das testemunhas ocorrerão por videoconferência. Em um gesto de transparência, a imprensa nacional e internacional poderá acompanhar os depoimentos por meio de um telão instalado na sala da 1ª Turma do STF. No entanto, gravações durante os depoimentos estão terminantemente proibidas para os jornalistas presentes, que deverão se limitar à cobertura em tempo real, sem registro audiovisual.
Um julgamento com repercussões políticas e jurídicas
A manutenção das oitivas marca mais um revés para o ex-presidente Jair Bolsonaro no STF. A investigação trata de uma das acusações mais graves que pesam contra ele: a tentativa de subverter a ordem democrática após a derrota nas urnas em 2022.
A expectativa é que os depoimentos tragam novas revelações sobre as articulações que antecederam os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e ajudem a consolidar as provas que sustentam a denúncia apresentada pela PGR.
Com a recusa ao pedido de adiamento, Moraes envia um recado claro de que o Judiciário não aceitará manobras protelatórias, reafirmando o compromisso com a celeridade e a seriedade do processo.
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