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CPI das Bets acaba em escândalo: Senado enterra relatório e protege Figurões?

A CPI das Apostas Esportivas (CPI das Bets) terminou oficialmente nesta quinta-feira (12) em meio a tensão, disputas internas e denúncias de omissão. O relatório final apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) foi rejeitado por 4 votos a 3, revelando um cenário de isolamento político, interferência direta da cúpula do Senado e suspeitas de blindagem de nomes poderosos envolvidos no escândalo.
O desfecho expôs o desgaste da senadora com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que se recusou a prorrogar a CPI, mesmo com pedidos formais. Soraya reconheceu o revés: “Nadei contra a maré”, declarou em entrevista.

Relatório rejeitado e indiciamentos polêmicos
O relatório de Soraya previa o indiciamento de 17 pessoas, incluindo as influenciadoras Deolane Bezerra e Virginia Fonseca, o que gerou forte reação política. A proposta dividiu a comissão e foi vista por alguns senadores como uma tentativa de desviar o foco dos verdadeiros articuladores do esquema.
Apesar das denúncias e do clamor público por transparência, a comissão encerrou seus trabalhos sem ouvir figuras centrais, como Silvio de Assis — lobista citado por envolvimento com parlamentares — e Giovanni Rocco Neto, atual secretário nacional de Apostas Esportivas no governo Lula, ambos ausentes da lista de indiciamentos.

Acusações de blindagem e omissão
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) foi um dos mais críticos. Para ele, a CPI se transformou em “um espetáculo de omissão flagrante”. Ele denunciou que requerimentos cruciais sequer foram analisados, como o que previa a convocação de Silvio de Assis. Girão chegou a acusar a CPI de proteger lobistas e ignorar ligações políticas comprometedoras.
A resposta veio em tom de confronto. O presidente da comissão, senador Dr. Hiran (PP-RR), reagiu com irritação: “Se quer comandar, assuma a presidência da comissão”, rebateu.

Alcolumbre atuou para encerrar investigações
Nos bastidores, senadores da oposição afirmam que Davi Alcolumbre atuou ativamente para encerrar a CPI e barrar avanços que poderiam comprometer figuras influentes do Congresso e do governo. O presidente do Senado teria classificado as audiências com influenciadores como “um circo” e reclamado do embate político gerado pela CPI.
“Estava começando a chegar em gente poderosa”, disse, sob anonimato, um senador que acompanhou os bastidores da negociação. Segundo ele, o receio de que as investigações respingassem em nomes graúdos acelerou o desmonte da comissão.

Caminho livre para nova regulamentação?
Com o fim da CPI, parlamentares acreditam que Alcolumbre e aliados devem agora focar em uma nova etapa: a regulamentação ampla das apostas, incluindo bingos e cassinos. A retirada de figuras do governo e lobistas da linha de investigação teria como objetivo evitar desgaste político e preparar o terreno para um novo marco legal, com forte impacto econômico e eleitoral.
A CPI das Bets, que começou com promessas de rigor e transparência, terminou com denúncias abafadas, personagens centrais silenciados e um jogo político que, mais uma vez, deixa a verdade em segundo plano.

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