O ex-assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, pode finalmente ser absolvido em meio às investigações da chamada "trama golpista". Considerado por muitos um dos maiores injustiçados no caso, Martins tem se tornado peça central em uma suposta tentativa de forçar narrativas sem provas concretas — e agora, um depoimento crucial abala a credibilidade da delação do tenente-coronel Mauro Cid, apontado como pivô de diversas acusações frágeis.
Depoimento de Almirante Garnier expõe inconsistências
A principal reviravolta veio com o depoimento do Almirante Almir Garnier, que afirmou de maneira categórica que Filipe Martins não esteve presente em uma das reuniões estratégicas das Forças Armadas, diferentemente do que foi insinuado por Mauro Cid em sua delação premiada.
O almirante ainda reforçou que o único assessor presente naquela ocasião foi o próprio Mauro Cid, cuja função se limitou a preparar a sala e se retirar do ambiente antes das discussões centrais. Generais como Freire Gomes e Baptista Júnior também negaram a presença de Martins, mas foi Garnier quem trouxe o elemento mais decisivo: não havia outros assessores na sala.
Essa declaração contradiz diretamente a delação de Cid, sugerindo que o ex-ajudante de ordens pode ter tentado incriminar Filipe Martins injustamente, numa manobra para reduzir sua própria responsabilidade nos eventos investigados.
Delação fragilizada
Para o advogado de defesa, Jeffrey Chiquini, o depoimento de Garnier é um "golpe fatal" na credibilidade da delação:
“Mauro Cid poderia ser corretamente chamado de ‘coronel mentiroso’. Sua tentativa de envolver Filipe Martins não encontra respaldo em nenhuma outra testemunha e claramente possui motivação pessoal para desviar o foco de suas próprias ações.”
De acordo com o artigo 4º, §16, da Lei 12.850/2013, que trata dos acordos de colaboração premiada, é necessário que os relatos do delator sejam sustentados por elementos externos de prova — além de proibir omissões, mentiras ou tentativas de atribuição indevida de responsabilidade a terceiros.
Diante da ausência de provas concretas, do isolamento das declarações de Cid e da coerência dos depoimentos de outros oficiais, cresce a pressão para que a delação seja anulada e que Filipe Martins seja absolvido imediatamente.
Prisão tida como abusiva
A prisão de Martins, segundo seus defensores, teve como único objetivo a pressão psicológica para obtenção de uma nova delação — algo que, além de ilegal, fere os princípios constitucionais do devido processo legal.
A condução do caso levanta preocupações sobre o uso político das delações premiadas e o risco de condenações baseadas exclusivamente em narrativas não corroboradas, em um momento delicado para a credibilidade do sistema judicial brasileiro.

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