A recente deterioração nas relações entre Brasil e Estados Unidos tem levantado preocupações inesperadas — entre elas, uma hipótese alarmante: o possível bloqueio do sinal de GPS em território brasileiro. A medida, embora nunca adotada, tem sido comentada nos bastidores como parte do aumento nas sanções já impostas por Washington, como a suspensão de vistos para autoridades brasileiras e novas tarifas de importação.
Mas afinal, o que aconteceria se o Brasil perdesse o acesso ao GPS?
Uma dependência estratégica
O GPS — ou Sistema de Posicionamento Global — foi criado e é controlado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Ele é fundamental para o funcionamento de atividades civis e militares em escala global. O Brasil, que nunca desenvolveu um sistema próprio, depende diretamente da constelação de satélites norte-americanos para navegar, operar sistemas bancários, monitorar lavouras e explorar petróleo.
Sérgio Sacani, divulgador científico conhecido por seu trabalho na área de astronomia, alertou em entrevista recente sobre o impacto catastrófico de uma possível interrupção:
“Se o GPS parar de funcionar, a produção de petróleo para imediatamente, a mineração para imediatamente, e a agricultura de precisão também. Sistemas bancários e a aviação param na hora.”
Estima-se que:
- 99% da produção de petróleo depende do GPS;
- 85% da mineração mundial está atrelada ao sistema;
- 70% da agricultura usa navegação por satélite.
Segurança pública em xeque
A vulnerabilidade vai além da economia. O professor Jorge Ferreira dos Santos Filho, da ESPM, lembrou que a segurança pública no Brasil também se apoia no uso do GPS para o deslocamento de viaturas, rastreamento e planejamento de operações.
Bloqueio é tecnicamente improvável — mas não impossível
Apesar das especulações, especialistas garantem que bloquear o sinal de GPS de forma localizada seria extremamente complexo. O presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, comparou o sinal ao de uma TV aberta:
“O sinal dos satélites é contínuo e cobre grandes áreas. Não há como desligá-lo só no Brasil sem afetar países vizinhos. Para isso, os EUA teriam que redesenhar todo o sistema.”
Além disso, segundo Luca Belli, da FGV Rio, os EUA jamais usaram o GPS como ferramenta de represália diplomática. Até hoje, o sinal foi mantido estável, mesmo em cenários de crise internacional.
Um GPS brasileiro a caminho?
Diante das incertezas, o Brasil começou a se movimentar. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) criou um grupo de trabalho no início de julho para estudar a criação de um sistema nacional de navegação por satélite.
A proposta é mapear a dependência brasileira e avaliar a viabilidade de um modelo próprio, com foco regional — seguindo os passos de países como China, Rússia, Índia, Japão e União Europeia, que já possuem sistemas próprios e independentes.
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