A crítica política, um dos pilares de qualquer democracia saudável, parece ter perdido espaço no Brasil atual. Em meio a um cenário onde qualquer discordância é rotulada como “ataque à democracia”, o ministro Alexandre de Moraes se transformou em um personagem blindado, quase sagrado, acima do bem, do mal — e da Constituição.
A postura oficial do governo diante das sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra o Brasil é um reflexo claro dessa distorção institucional. Ao invés de reconhecer a gravidade da crise diplomática e dos motivos que levaram à punição — entre eles, decisões e posturas atribuídas ao próprio ministro do Supremo Tribunal Federal — o discurso estatal virou um coro de defesa cega. “Mexeu com o Xandão, mexeu com o Brasil”, dizem. Mas que Brasil?
A canonização política de Moraes transformou críticas legítimas em crime de lesa-pátria. Quem questiona suas ações passa a ser tratado como traidor da nação, inimigo do regime, ou até como alvo de investigações. Em vez de promover debate, o sistema fecha fileiras em torno de um único homem, como se o país inteiro dependesse da sua permanência e impunidade.
O caso escancara uma inversão de valores perigosíssima. Não foram os brasileiros comuns que abriram inquéritos ilegais. Não foi a sociedade que condenou cidadãos por atos questionáveis em processos viciados. E tampouco foi o povo que jogou o Brasil em rota de colisão com os Estados Unidos. Essas escolhas têm nome, sobrenome e CPF.
A pergunta que resta é: até quando a crítica será tratada como crime? E mais importante: quem se beneficia de um país onde a verdade precisa pedir licença para falar?
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