A Taurus, líder nacional e uma das maiores fabricantes de armas de fogo do mundo, confirmou nesta sexta-feira (8) que vai transferir para os Estados Unidos a montagem de sua mais importante linha de produtos, a Família G. A mudança, prevista para setembro, ocorre em resposta à tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump sobre grande parte das exportações brasileiras destinadas ao mercado norte-americano.
Com a decisão, cerca de 900 das 1,2 mil armas produzidas diariamente no Brasil para o mercado dos EUA passarão a ser montadas diretamente na unidade norte-americana da empresa. A Taurus já vinha sinalizando essa possibilidade, e no mês anterior, o CEO global Salesio Nuhs havia comentado publicamente sobre o risco de transferência da produção.
No comunicado oficial, a companhia informou ter adiantado o envio de peças e componentes, como carregadores, para evitar a cobrança adicional da tarifa. Atualmente, a Taurus mantém três unidades produtivas: uma em São Leopoldo (RS), onde está a sede, e outras duas no exterior — nos Estados Unidos e na Índia. No Brasil, a capacidade de produção chega a 7 mil armas por dia, enquanto a planta norte-americana pode produzir até 3 mil unidades diárias.
O anúncio provocou reação imediata no mercado financeiro: as ações da Taurus caíram 7,07% no pregão de sexta-feira, fechando a R$ 4,60. Além do impacto econômico, o movimento levanta preocupações sobre uma possível demissão em massa no Brasil, já que parte significativa da produção será realocada.
A transferência marca um ponto crítico nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e reacende o debate sobre a dependência brasileira de mercados externos e a vulnerabilidade de setores estratégicos diante de mudanças na política internacional.

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