O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começa nesta terça-feira (2), às 9h, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. A análise do caso é acompanhada de forte apreensão dentro do governo Lula (PT), em razão da possibilidade de retaliações dos Estados Unidos.
Fontes diplomáticas revelaram à CNN Brasil que uma eventual condenação de Bolsonaro, hoje a principal liderança da direita no Brasil, poderia levar Washington a adotar sanções contra autoridades brasileiras, aumentando a tensão em um momento já marcado por atritos comerciais.
Vale lembrar que o ministro Moraes já foi alvo de medidas do governo Donald Trump com base na Lei Magnitsky, legislação americana usada para punir autoridades acusadas de violar direitos humanos.
Conflito comercial em paralelo
O temor por novas sanções cresce em meio a outra disputa: na semana passada, Lula autorizou o Itamaraty a acionar a Câmara de Comércio Exterior (Camex) para preparar medidas de resposta à tarifa de 50% aplicada pelos EUA a setores estratégicos do Brasil. A estratégia envolve a aplicação da recém-criada Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao país retaliar com tarifas equivalentes.
Nos bastidores, no entanto, auxiliares do presidente admitem que o embate com a maior potência econômica do mundo é uma batalha desigual, tanto no campo comercial quanto político.
O que pode acontecer
Diplomatas e analistas internacionais apontam que não há clareza sobre quais setores seriam afetados em uma eventual resposta dos EUA a uma condenação de Bolsonaro. A avaliação, porém, é que dificilmente seriam medidas simbólicas: as sanções devem ser de alto impacto, ampliando ainda mais o desgaste das relações bilaterais.
Com o julgamento conduzido por Moraes e as tensões externas em curso, cresce a percepção de que o resultado pode já estar desenhado, alimentando críticas da oposição sobre falta de imparcialidade no processo.

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