O ministro Luís Roberto Barroso surpreendeu o meio jurídico e político nesta quinta-feira (9) ao anunciar sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF). Aos 67 anos, Barroso poderia permanecer na Corte até os 75, mas decidiu encerrar sua trajetória antes do prazo constitucional, marcando o fim de uma das carreiras mais influentes no Judiciário brasileiro nos últimos anos.
O anúncio foi feito ao final da sessão plenária do STF, em um discurso emocionado, no qual o ministro fez um balanço de seus 12 anos e 3 meses de atuação na Corte — dois deles na presidência do Tribunal.
“Por 12 anos e pouco mais de 3 meses, ocupei o cargo de ministro deste Supremo Tribunal Federal, tendo sido presidente nos últimos 2 anos. Foram tempos de imensa dedicação à causa da justiça, da Constituição e da democracia”, declarou Barroso.
Fim de um ciclo no STF
Nomeado em 2013, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, Barroso ganhou destaque por decisões e votos firmes em temas sensíveis e de grande impacto nacional, como:
- descriminalização do porte de drogas para uso pessoal,
- união homoafetiva e direitos civis,
- liberdade de expressão e regulação da internet,
- defesa da democracia durante crises institucionais.
Nos últimos dois anos, presidiu a Suprema Corte e também o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com forte atuação em pautas ligadas à modernização do Judiciário e à defesa do processo democrático.
Ao justificar sua decisão, Barroso afirmou que deseja ter mais tempo para si e para a família.
“É hora de seguir novos rumos. Não tenho apego ao poder e gostaria de viver a vida que me resta sem as responsabilidades do cargo. Os sacrifícios e os ônus da nossa profissão acabam se transferindo aos familiares e às pessoas queridas.”
Sucessão e impacto político
A saída antecipada de Barroso abre espaço para uma nova indicação ao STF pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já indicou dois ministros desde o início de seu mandato. A sucessão promete forte disputa política no Congresso e no meio jurídico, já que cada cadeira na Corte representa influência direta nas decisões mais importantes do país.
Barroso, conhecido por sua postura liberal em costumes e firme na defesa das instituições democráticas, deixa um legado marcante. Sua saída deve reconfigurar o equilíbrio interno da Corte, especialmente em julgamentos sensíveis que envolvem temas políticos, econômicos e sociais.
Um ministro de perfil ativo
Ao longo da carreira no STF, Barroso nunca fugiu de embates públicos. Protagonizou debates intensos com colegas de Tribunal, defendeu reformas estruturais e foi um dos principais rostos da resistência às ameaças autoritárias nos últimos anos.
Fora do plenário, também se destacou como professor e autor de obras sobre Direito Constitucional, sendo referência acadêmica no país e no exterior.
A data efetiva da aposentadoria ainda será definida, mas fontes próximas ao ministro indicam que a saída deve ocorrer até o fim do ano.
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