Lula finalmente alcançou o objetivo político que perseguiu durante anos: tirou Jair Bolsonaro do jogo. Inelegível, condenado e agora preso, o ex-presidente — único adversário capaz de enfrentá-lo com real competitividade — foi removido do tabuleiro eleitoral.
Mas a política, como sempre, tem seus próprios planos.
A pesquisa Atlas/Bloomberg recém-divulgada mostra que, mesmo sem Bolsonaro na disputa, a rejeição a Lula subiu e já alcança 50,7%. A ausência do ex-presidente, ao contrário do que parte do governo imaginava, não blindou o petista nem criou uma onda de popularidade automática.
O recado do eleitor é direto: o problema não era Bolsonaro. O problema é o governo.
A estratégia de tentar transformar a prisão e a inelegibilidade do ex-presidente em um trunfo para 2026 esbarrou na realidade. A população sente a vida cotidiana — e é aí que o governo tem falhado.
Entre os fatores que impulsionam a desaprovação estão:
- Economia fraca, com inflação persistente em itens essenciais e dificuldade de recuperação do poder de compra;
- Crescimento da insegurança, puxada por crise na fronteira, avanço das facções e sucessivas operações policiais com alto índice de violência;
- Escândalos e crises, como o caso INSS, nova pressão por regulamentação da internet e desgaste entre poderes;
- Comunicação desconectada da população, marcada por discursos ideológicos e pouca sensibilidade ao que dói no bolso e na vida real do brasileiro.
Com metade do país avaliando negativamente seu governo, Lula entra no quarto ano de mandato repetindo um padrão que marcou suas gestões anteriores: perder apoio ao longo do tempo, mesmo sem um adversário direto para culpar.
Se a tese do Planalto era “sem Bolsonaro, Lula governa em paz”, os números mostram o oposto. A ausência do ex-presidente apenas expôs, de forma mais nítida, a distância entre o discurso oficial e a percepção da população.

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